quarta-feira, 13 de abril de 2011

JOGO DA VIDA - CAP. 1


Novela de Édson Dutra

Escrita por
Édson Dutra


Personagens deste capítulo


Adriano
Alberto
Alice
Brenda
César
Diogo
Felipe
Guto
Helena
Joaquim
Matilde
Rúbia
Sérgio
Sônia




Participação Especial
Médico, Pescador 01, Pescador 02, Ladrão 01, Ladrão 02








CENA 01. EXTERNAS PRAIA REAL. DIA / RESTAURANTE MARESIA. COZINHA. INT. DIA

Dia bonito, sol alto na cidade de Praia Real, litoral fluminense... No Restaurante Maresia, Matilde prepara a “quentinha” para o pessoal do projeto ambiental. Rúbia entra na cozinha

RÚBIA: - Olá vovó!... “Quentinhas” pra quem?
MAILDE: - Pro pessoal do projeto ambiental.
RÚBIA: - Ah sim, que se instalaram aqui na praia, né?
MATILDE: - Sim, eles mesmos. Você conhece o projeto?
RÚBIA: - Eu? Não! Não sou tão solidária pra ficar lidando com a natureza, com meio ambiente... Meu tempo não me permite a isso... (risos)
MATILDE: - Deixa de ser boba menina!... Não é questão de solidariedade e sim, de consciência! Agora, você leva as “quentinhas” lá pra mim?
RÚBIA: - E a Brenda? Por que a Brenda não leva?
MATILDE: - Porque a Brenda vai chegar depois do almoço, e os rapazes lá não podem ficar esperando...
RÚBIA (com “ar” de má vontade): - Tudo bem, eu levo!...

Rúbia pega as “quentinhas” e sai. Matilde vai para a janela procurar por seu marido Joaquim, mas não o encontra.

CENA 02. BAIRRO PRAINHA. EXT. DIA.

Nas redondezas da praia, Brenda passa em frente a um beco, de onde 2 rapazes saem e a seguem. Ela apressa o passo, mas é alcançada por eles. Eles tentam agarrá-la, quando Guto, que está passando pelo local, tenta salvá-la.

GUTO (correndo em direção a Brenda, gritando): - Brenda! Soltem ela!

Guto se aproxima e os rapazes brigam com Guto enquanto Brenda grita assustada por socorro. Os rapazes saem correndo, deixando Guto no chão, mas sem ferimentos graves.

CENA 03. MAR PRAIA REAL. BARCO JOAQUIM. EXT. DIA.

Sozinho em seu barco em pleno mar, Joaquim pesca para o restaurante. De repente, Joaquim sente-se mal e desmaia no barco.

CENA 04. PROJETO AMBIENTAL. SALA CÉSAR. INT. DIA.

Rúbia entra e procura por um local para deixar as “quentinhas”. Ela chega numa sala e avisa o rapaz presente no local, que trouxe as “quentinhas”. O rapaz, que estava de costas, se vira. É César, diretor geral do projeto. Ele e Rúbia, a sós no local, trocam olhares fulminantes.

CÉSAR: - Olá!
RÚBIA (impressionada com a beleza do rapaz): - Oi.
CÉSAR: - Me chamo César, sou diretor daqui do projeto... Você precisa de alguma informação, alguma coisa?
RÚBIA: - Não, não, nada não... Sou Rúbia, do restaurante Maresia.
CÉSAR: - Ah sim, dona Matilde falou que faria a nossa refeição em agradecimento ao trabalho feito pelo projeto aqui na praia... Obrigado por trazer as “quentinhas”! (pegando as “quentinhas”, mas ao mesmo tempo tocando as mãos de Rúbia).
RÚBIA: - De nada... Você trabalha sozinho aqui?
CÉSAR: - Não, tem mais uma equipe, mas eles saíram e me deixaram cheio de serviço...
RÚBIA: - Desculpa! Então já vou indo, não quero atrapalhar você.
CÉSAR: - Não, capaz! Você não atrapalha em nada... Quer conhecer o projeto? Eu te mostro.
RÚBIA: - Quero sim!

César leva Rúbia para conhecer as instalações do projeto ambiental.

CENA 05. MAR PRAIA REAL. BARCO JOAQUIM. EXT. DIA./ BEIRA DA PRAIA. EXT. DIA.

Os pescadores de outros barcos avistam Joaquim e resolvem socorrê-lo. Matilde é avisada do problema com Joaquim.

PESCADOR 01: - Ele estava desmaiado dentro do barco.
PESCADOR 02: - A sorte foi que a gente passou e viu ele.
MATILDE (preocupada / aflita): - E onde está o meu Joaquim?!
PESCADOR 01: - Estão trazendo ele. É melhor levar direto pro hospital!

Nesse instante, Alice chega no restaurante.

ALICE: - Dona Matilde, o que aconteceu?
MATILDE: - O Joaquim passou mal, Alice. Temos que levar ele para o hospital. Por favor, liga para a Rúbia e tenta também avisar a Brenda!
ALICE: - Pode deixar!
MATILDE: - Eu vou para o hospital também! Peça para o Guto tomar conta do restaurante.
PESCADOR 02: - Eu te dou uma carona, dona Matilde!

Matilde sai as pressas, enquanto outros pescadores ajudam a colocar Joaquim dentro do carro para levá-lo ao hospital. Alice também sai para avisar Rúbia e Brenda.

CENA 06. CALÇADÃO PRAIA. QUIOSQUE. INT. DIA.

Guto e Brenda param num quiosque para descansar.

BRENDA: - Você foi muito corajoso Guto me salvando. Obrigada!
GUTO (um pouco cansado): - Não precisa agradecer Brenda... Foi o mínimo que eu poderia fazer por você. Você é linda, carinhosa, uma garota que não merece sofrer. Você merece alguém que te ame, que te dê o verdadeiro valor. Foi por isso que eu te salvei. Foi porque eu te...

Nesse instante, interrompendo Guto, Alice chega ao quiosque.

ALICE (muito nervosa): - Brenda! Rápido!
BRENDA: - Calma Alice! O que aconteceu?!
ALICE: - Não dá! Seu avô passou mal e está sendo levado para o hospital!
BRENDA (assustada/nervosa): - Meu avô?! Vou para o hospital agora!
GUTO: - Eu vou com você!
ALICE: - Não Guto, dona Matilde pediu para que você tomasse conta do restaurante!
BRENDA: - E a Rúbia? Ela já sabe?
ALICE: - Não sei, sua avó pediu pra mim avisá-la, mas não a encontrei.
BRENDA: - Tudo bem, eu ligo pra ela... Vamos!

As garotas saem em direção ao hospital, enquanto Guto vai para o restaurante.

CENA 07. SEQ. CENA 06. BAIRRO PRAIANHA. RUA. EXT. DIA.

Brenda, a caminho do hospital, tenta ligar para Rúbia.

BRENDA: - Vou avisar a Rúbia! (com o celular em mãos)

CENA 08. SEQ. CENA 07. PROJETO AMBIENTAL. SALA CÉSAR. INT. DIA.

Rúbia percebe que seu celular começou a tocar. Ela olha e vê que é Brenda que está ligando. Para não ser incomodada, ela desliga o celular, já que queria ficar mais a vontade e curtir bastante o tempo com César.

CENA 09. SEQ. CENA 08. BAIRRO PRAINHA. RUA. EXT. DIA.

     Brenda e Alice caminham rapidamente em direção ao hospital.

ALICE: - Então, conseguiu falar com a Rúbia?
BRNDA: - Não, caiu na caixa postal. Deve estar sem bateria...
ALICE: - Quando ela aparecer no restaurante, o Guto avisa ela.
BRENDA: - É mesmo... Vamos pegar um táxi logo ali, pra gente chegar mais rápido.
ALICE; - Tem razão, vamos.



CENA 10. BEST FISH. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

Alberto encerra a reunião com representantes paraguaios para a exportação de peixe. Os representantes vão saindo da sala.

TOMÁS: - Ótima reunião, doutor Alberto.
ALBERTO: - Obrigado Tomás! Você também colaborou muito para isso.
TOMÁS: - Só cumpri com o meu dever... Bom, vou acompanhar os empresários. Com licença.

     Tomás se retira. Felipe e Alberto ficam na sala.

FELIPE: - Muito bom tio. Será um ótimo negócio.
ALBERTO: - Obrigado Felipe. Sabe sobrinho, que eu também acho que será um ótimo negócio? (risos)... Pena que o César não se interesse por isso, por essa maravilha que é o mundo dos negócios, dos lucros... Ele prefere natureza, mar, biologia... (cabisbaixo)
FELIPE: - Tio, o César sempre foi assim... Dificilmente mudará aquele jeitinho... Nos negócios devemos ser espertos. E esperteza não combina muito com o César...
ALBERTO: - Ainda bem que eu tenho você aqui Felipe, para me ajudar na direção desta empresa. Sem você... Bem, vamos almoçar?
FELIPE: - Hoje restaurante português!
ALBERTO: - Certo, você que escolhe!

Alberto e Felipe saem para almoçar.




CENA 11. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

Brenda encontra Matilde na sala de espera, que lhe abraça. Brenda chora abraçada na avó. Alice também a consola.

CENA 12. PROJETO AMBIENTAL. SALA CÉSAR. INT. DIA.

Rúbia vê a hora e constata que já demorou demais.

RÚBIA: - Nossa! O tempo passa rápido! Tenho que ir...
CÉSAR: - Tudo bem, mas quando quiser voltar, fique a vontade...
RÚBIA: - Com certeza eu voltarei... Você é uma companhia agradável César. Um rapaz muito interessante...
CÉSAR: - Você também é uma ótima companhia Rúbia.
RÚBIA: - Então tá, te vejo ainda... (dando um beijo na boca de César e indo embora).

CENA 13. RESTAURANTE PORTUGUÊS. INT. DIA.

No meio do almoço, o telefone de Felipe toca. Ele vê a ligação e fica um tanto transtornado.

ALBERTO: - O que foi Felipe, não vai atender?
FELIPE: - É do banco... Eu tinha ficado de passar lá para assinar uns documentos da minha conta... Acho que vou fazer isso agora.
ALBERTO: - Mas porque não almoça primeiro?
FELIPE: - Melhor não, assim eu me livro disso de uma vez.

Felipe se despede de Alberto e sai do restaurante. Próximo dali, ele pega um táxi.

CENA 14. SEQ. CENA 13. RODOVIA. EXT. DIA.

Após um tempo, Felipe chega na rodovia e para numa rua lateral. Ele desce do táxi e segue pela rua, que dá em um terreno abandonado, onde há um casebre.

CENA 15. SEQ. CENA 14. CASEBRE. INT. DIA.

     Felipe entra no casebre e encontra Sérgio.

FELIPE (irritado): - Você novamente a infernizar a minha vida?!
SÉRGIO: - Desculpa, mas eu estou precisando de ajuda...
FELIPE: - Você sabe que eu estava num almoço com o Alberto e que ele poderia tentar saber quem estava me ligando? Querer saber pra onde eu iria no meio do almoço?! Se eu não fosse tão bom em mentir e se ele não fosse às vezes tão idiota, ele iria descobrir que eu viria aqui. E aí, estaria tudo acabo!
SÉRGIO: - Desculpa! Eu não sabia...
FELIPE: - Você nunca sabe nada! Nada! Não soube nem fazer um trabalho descente naquela empresa! Eu que tenho que fazer tudo! E eu já te avisei pra não ficar me procurando!!! Eu! Eu é que venho aqui, eu é que ligo! Entendeu?
SÉRGIO: - Sim meu filho, eu entendi...
FELIPE: - Não me chama de filho! Eu não sou seu filho! Não tenho pai fracassado, vivendo num casebre abandonado... Você já pensou se o dono desse casebre resolve aparecer aqui, do nada? Pra onde você iria?
SÉRGIO: - Não sei, não sei...
FELIPE (debochando de Sérgio): - Você não sabe? Você não sabe, senhor Sérgio? Pra rua!!! Porque mesmo sendo pobre, eu duvido que o dono desse casebre queira dividir o teto com um miserável como você! Você é imundo, é desajeitado... Me causa náuseas!... Olha só, eu já perdi tempo demais aqui...

Felipe tira uma nota de 10 reais e mais umas moedas da carteira e entrega para Sérgio.

SÉRGIO: - Só isso?
FELIPE: - Ainda está reclamando?! Eu deveria é não te dar nada! Mal agradecido! Faça bom proveito disso e não me procura! Quando eu puder e também quiser, deixa que eu apareço, entendeu? É pagar os pecados vir aqui, mas como eu sou um rapaz muito bonzinho, eu faço esse sacrifício.
SÉRGIO: - Por que você é assim Felipe? Por que você é assim com seu pai?
FELIPE: - Pára! Eu não tenho pai assim, vivendo num lixo de casa! Você não é meu pai! E não me chama de filho! Droga, eu já falei! Vou embora, você me dá nojo!

Felipe sai, deixando Sérgio triste no casebre.

CENA 16. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

Rúbia chega no restaurante e Guto lhe conta sobre o ocorrido com Joaquim.

RÚBIA: - De novo? Ele vive tendo chiliques!
GUTO: - Mas desta vez é sério Rúbia! É melhor você ir ao hospital!
RÚBIA: - Fazer o que lá?! Minha avó, minha irmã já não estão lá?
GUTO: - Rúbia! É seu avô! Deus do céu me perdoe em dizer uma coisa dessas, mas ele pode até não voltar!
RÚBIA: - Ai credo Guto!
GUTO: - Você diz isso, porque não sabe o que é não ter família...
RÚBIA: - Xiii, me poupa disso, tá? Eu sei que você cresceu sem ter família, mas isso não é culpa minha, ok?... Bom, eu vou lá pro hospital.

Rúbia sai, deixando Guto no restaurante.

CENA 17. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

O médico chega na sala de espera e é interrogado por Matilde sobre o estado de saúde de Joaquim.

MATILDE (aflita): - Diga doutor! Como está meu marido?
MÉDICO: - O senhor Joaquim sofreu um infarto... Foi grave. Se não tivesse sido salvo a tempo, provavelmente não teria sobrevivido...
ALICE (aflita): - Meu Deus!
BRENDA: - E ele vai ficar bem doutor?
MÉDICO: - Ele vai ficar sob observação aqui no hospital por enquanto... Mas ele tem boas chances de recuperação, só deve tomar mais cuidado em casa, não deve fazer esforços nem sofrer fortes emoções.

CENA 18. EXTERNAS RIO DE JANEIRO. DIA./ APTO SÔNIA. PISCINA. EXT. DIA.

Imagens das praias do Rio de Janeiro, movimentação das ruas. Já é meio da tarde. Corta para um luxuoso apartamento na Barra da Tijuca. Sônia descansa à beira da piscina, quando Adriano chega em casa, animado.

ADRIANO (beijando Sônia): - Olá meu amor!
SÔNIA: - Já em casa querido?
ADRIANO: - Sim, hoje a reunião foi rápida e já está tudo confirmado.
SÔNIA: - O que está confirmado?
ADRIANO (vislumbrado): - Abriremos um hotel em Praia Real. O que você achou? Não é fantástico? Será um belo empreendimento!

Sônia fica totalmente sem reação. Mesmo sem jeito, Sônia felicita o marido pela novidade e sai da piscina.

CENA 19. PROJETO AMBIENTAL. PÁTIO. EXT. DIA.

César ajuda os tratadores de pássaros a dar comida aos animais e num dado instante, pensa em Rúbia. Ele lembra dos dois conversando e do beijo.

CENA 20. CENTRO DA CIDADE. RUA. EXT. DIA.

Helena caminha pelas ruas do centro, quando é surpreendida por Diogo.

DIOGO: - Helena! Helena!
HELENA: - O que você quer? Eu já disse pra você não me procurar, Diogo!
DIOGO: - Calma Helena! Não vou tomar muito seu tempo, até porque logo eu tenho que voltar para o trabalho... Só quero saber como está meu filho, como está o Matheus?...
HELENA: - Ele está bem.
DIOGO: - Só isso você tem a me dizer?
HELENA: - O que você quer saber mais? Não há mais nada pra você saber. O Matheus não precisa de você, em nada! Quero dizer, apenas da sua pensão...
DIOGO: - Você não muda mesmo, hein Helena?
HELENA: - Não... E pelo visto você também não muda... Continua sendo o simples empregado da empresa imobiliária...
DIOGO: - Você sempre teve vergonha de mim por causa disso, não é?
HELENA: - Sim! Sempre! Minhas amigas casadas com os donos das empresas e eu com um simples empregado, que nem gerente conseguiu ser!
DIOGO: - Mas que pagava suas contas e que conseguiu te dar uma vida digna, honesta!
HELENA: - E de que me adiantou a honestidade, a dignidade, se eu morava num condomínio popular?!
DIOGO: - Agora está escondida embaixo das asinhas do papai... Você só pensa em dinheiro?
HELENA: - E porque você acha que eu me separei de você? Você não conseguiu acompanhar os meus pensamentos. E nunca vai acompanhar. Você sempre vai ser o empregado medíocre, que aceita todas as ordens do patrão... Foi a minha vergonha, mas não vou deixar que seja a vergonha do meu filho! (indo embora).
DIOGO (triste): - Nosso filho, Helena! Nosso filho!

CENA 21. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

Rúbia chega na sala de espera e encontra Matilde, Brenda e Alice sentadas, orando:

RÚBIA (assustada): - Nossa! O que aconteceu? Não me digam que meu avô...
ALICE: - Não! Não foi nada disso... Estamos orando pela melhora dele. Ele passou muito mal...
MAILDE: - E porque você demorou minha filha? Eu queria ter te avisado logo!
RÚBIA: - Me avisar pra que vó? Não aconteceu nada! Ele não vai ficar bem?...
BRENDA: - Não aconteceu nada pior, mas poderia ter acontecido. Ele vai ficar em observação.
RÚBIA (fazendo pouco caso da situação): - Então! Já não é a primeira vez que ele tem esses chiliques! Toda hora chamando a atenção. Aposto que não é nada grave! Essas coisas de gente velha...
BRENDA (irritada, segurando forte o braço de Rúbia): - Olha o respeito com o meu avô!

Brenda e Rúbia se encaram.

FIM DO CAPÍTULO

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