segunda-feira, 11 de abril de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 28




Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 28

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO

João

Braz Canoeiro

Sinhana

Jerônimo

Pedro Barros

Estela

Maria de Lara

Juca Cipó

Duda

Ritinha

Garimpeiros

Capangas de Pedro Barros

e o povo de Coroado


CENA 1 - GARIMPO DOS CORAGEM - EXT. - DIA.

Há horas João Coragem trabalhava desesperadamente, isolado do mundo, dedos perdidos no lamaçal, mãos feridas pelo contato duro e pontiagudo das rochas. Apenas o barulho ritmado da picareta dava-lhe conta da presença próxima de Braz Canoeiro. O garimpo ensolarado contrastava com a escuridão da gruna. De repente, o raio de sol feriu um pontinho na parede arenosa da pequena gruna. João cavou mais fundo, com o martelete e a pequena pá de trabalho.

JOÃO - (um grito rouco escapou-lhe do peito, incontrolável) Braaaaaaz!

Com a pedra nas mãos, o rapaz surgiu á luz do sol.

JOÃO - Braaaaaz!

Jogou-se no chão, meio corpo na água, meio na terra.

JOÃO - Achei! Achei! A minha pedra! Achei!

Braz Canoeiro, com os olhos arregalados, fitava o carbono raro.

BRAZ CANOEIRO - João! João! Isto num existe! Nós dois tamo delirano! Isto num pode existi, João!

JOÃO - Sente ela... sente! Não é ilusão! É verdadeira, Braz! Minha pedra é verdadeira!

Como um louco, o garimpeiro saiu correndo pela estrada barrenta.

JOÃO - ( gritando para a natureza) Achei a pedra maior do mundo! Jerônimo! Pai! A gente tá rico! Cê vai sê presidente, mano... Duda, num precisa mais gastá teus pé, nos campo! Mãe, vou lhe vesti como uma rainha! Índia, cê vai tê o que quisé! Lara! Diana! Seja lá quem fô, ocê vai sê minha! Tá me ouvindo, Pedro Barros? Vou comprá tua filha! Vou comprá...

A voz se perdia na vstidão dos campos.

CORTA PARA:

CENA 2 - RANCHO CORAGEM - EXT. - DIA.

Esbaforido, quase arrastando-se de cansaço, o rapaz alcançou a porteira do rancho. Os gritos saíam-lhe engasgados da garganta. A família, assustada, via o rapaz entre risos e lágrimas aproximar-se com as mãos erguidas, o rosto sujo de barro e lama, roupa encharcada da água do pequeno rio.


JOÃO - Pai! Mãe! Jerônimo!

SINHANA - (espantada, limpando as mãos no avental) Que é isso?

JOÃO - (com a pedra nas mãos em concha, delirava) Gente, veja isso! Diamante como este nunca existiu!

Jerônimo arrancou-a, grosseiramente.

JERÔNIMO - Nossa! Não é delírio, a pedra é verdadeira!

JOÃO - Tamo rico! Tamo milionário! Vou consertá o mundo!

Alucinado com a raridade da gema, Jerônimo saltou para o cavalo, esporeando-o brutalmente.

JERÔNIMO - Êiiiii! É a pedra mais bonita do mundo!

CORTA PARA:

CENA 3 - COROADO - RUAS DA CIDADE - EXT. - DIA.


O tropel dos cavalos chamou a atenção da cidadezinha. De longe o barulho de cascos e gritos despertou a sonolência da gente tranqüila de Coroado. Pedro Barros estancou diante da igrejinha, de onde Maria de Lara e Dalva saíam após a cerimônia religiosa.


JERÔNIMO - Achamos! Achamos! A pedra do mundo! Tamo rico! Tá ganha a eleição!

Relinchando, os cavalos suavizaram a marcha. Jerônimo mostrava aos curiosos a pedra da bamburra. Cadenciou o galope e parou em frente ao templo de Padre Bento.

JERÔNIMO - Tá ouvino, Pedro Barros! Seu dinheiro, agora, não vai servi de impedimento. Nós tamo rico! Tamo rico! (com a pedra presa entre o polegar e o indicador, suspensa sobre a cabeça, mostrava-a ao coronel) Achamos a pedra maior do mundo!

JOÃO - A pedra maior do mundo!

CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.

Pedro Barros retornou, enfurecido, á casa-grande. Estela esperava-o sentada no jardim.

ESTELA - É verdade o que estão dizendo? Que foi encontrada a pedra maior que se viu até hoje, por estes lados?

PEDRO BARROS - (de má vontade) Estão dizendo. Não sei se é verdade.

MARIA DE LARA - Nós vimos os irmãos Coragem gritarem pelas ruas!

ESTELA - Então... foram os Coragem que encontraram a pedra?

PEDRO BARROS - Ninguém tem certeza. Eles podem dizer o que quiserem. Eu não vi pedra nenhuma. Pode ser uma mentira!

MARIA DE LARA - Por que iriam mentir?

PEDRO BARROS - Tá na cara, não tá, minha filha? Pra me desafiá!

ESTELA - (ar irônico) Seria gozadíssimo que, justamente os Coragem, encontrassem essa pedra descomunal e que ficassem milionários da noite pro dia.

PEDRO BARROS - (carrancudo) Isso é o que eles pensam... que vão ficá milionários da noite pro dia...

MARIA DE LARA - Mas o que tem isso, papai? Se é de direito... se encontraram o tal diamante... eles vão ficar ricos.

ESTELA - (abraçando a filha pela cintura) Voce não compreende... se os Coragem se enchem de dinheiro, vão fazer frente ao seu pai. E ele pretende continuar sendo o dono de Coroado!

O Delegado Falcão chegava a cavalo.

DELEGADO FALCÃO - Viram o diamante nas mãos de João e Jerônimo?

PEDRO BARROS - Pode ser uma pedra falsa!

DELEGADO FALCÃO - Sei não... acho que é negócio pra valer ( movendo o palito entre os dentes) Aquela loucura deles... aquela alegria... não era normal.

Uma idéia perpassou pelo cérebro doentio do coronel.

PEDRO BARROS - Onde dizem que João achou?

DELEGADO FALCÃO - Na gruna do Matão...

PEDRO BARROS - (coçou a cabeça, desconsolado) Não é nas minhas terra... é nas terra deles. Preciso ver se as terra estão registrada no nome dele. Pode sê que não esteja... aí a coisa muda de figura. Não sendo dono, eles não tem direito ao que encontram...

JUCA CIPÓ - Muito bem pensado, meu patrão...

PEDRO BARROS - Tenho que fazê alguma coisa... diabo! Ele estava sozinho?

JUCA CIPÓ - Braz Canoeiro tava com ele...

PEDRO BARROS - (ordenou, taxativo) Peguem o negro. Tragam ele aqui!

JUCA CIPÓ - (correndo para a estrebaria) É pra já!

CENA 5 - GARIMPO DOS CORAGEM - EXT. - DIA.

Os garimpeiros conversavam animadamente. Braz ria trincando um naco de carne-seca, a farinha caindo-lhe pelo queixo.


BRAZ CANOEIRO - Num dianta, minha gente. Vai todo mundo morrê preso aí dentro. Daqui a pouco essa gruna vai desmoroná, porque a pedra que Deus mandô já foi encontrada...

O mulato Antonio verberou o pessimismo do negro.

ANTONIO - Cala essa boca e larga mão de agourá. Pode sê que a pedra grande deixou filhote...

BRAZ CANOEIRO - Ela é só no mundo. (riu alegremente) É pedra solteira!

A voz de Juca Cipó chamou-o á realidade.

JUCA CIPÓ - Braz! Braz!

O negro recuou, receoso.

JUCA CIPÓ - Tenha medo, não. Só meu patrão que deseja trocá duas palavrinha...

BRAZ CANOEIRO - Mas... eu não quero falá com seu patrão!

JUCA CIPÓ - Custa nada obedecê.

Outros dois asseclas agarraram o garimpeiro pelas costas. Mãos firmes. O negro estrebuchou.

JUCA CIPÓ - (irônico) É melhó ir por bem!

Manietado, o negro foi empurrado para a montada. Gritou para a esposa, que a tudo assistia, impotente.

BRAZ CANOEIRO - Avisa João! Avisa João!

CENA 6 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.

RITINHA - (dirigindo-se ao marido, deitado no sofá) Ele não tem nada que fazer aqui!

DUDA - Pensei que você tivesse mandado chamar.

RITINHA - Chamei não, Eduardo! Eu ia fazer uma coisa destas? Hoje chegou esta carta de Coroado, onde meu pai diz que está chegando ao Rio de Janeiro... Nunca me deu uma palavra de carinho e agora... chega essa notícia de repente... só pra me deixar preocupada...

DUDA - Você sabe que eu não gosto dele e ele também não gosta de mim. (acentuando as palavras) Bom, podia ser pior. Agora é esperar por ele e ter paciência. Eu me dou muito mal com o velho, mas vamos ver como é que a gente se arruma. Como fico a maior parte do tempo fora, não vou ter lá grandes problemas...

Duda lia a carta que lhe chegara, também de Coroado. Da família. E matutava nas novidades.

DUDA - (virou-se para a esposa) Escuta esta... Olha o que é que o João diz nesta carta. (leu para a mulher ouvir) “Pode largá de chutá a bola. Tamo rico. Achei o diamante maior do mundo...”

Ritinha achegou-se ao marido, afagando-lhe o peito.

RITINHA - Se for verdade... é a realização dos sonhos de João e Jerônimo.

DUDA - Uai... por que não pode ser verdade?


FIM DO CAPÍTULO 28
João encontra o maior diamante do mundo!


... E NO PRÓXIMO CAPÍTULO:

A NOTÍCIA DE QUE JOÃO CORAGEM ACHOU O MAIOR DIAMANTE DO MUNDO ESPALHOU-SE E A IMPRENSA CHEGOU AO RANCHO CORAGEM PARA ENTREVISTAR A FAMÍLIA DO NOVO BILIONÁRIO DE COROADO.

JERÔNIMO VAI Á FAZENDA DE PEDRO BARROS EM BUSCA DE BRAZ CANOEIRO E DESCONFIA QUE JOÃO FOI TRAÍDO PELO GARIMPEIRO.

JERÔNIMO DIZ A RODRIGO QUE PEDRO BARROS ESTÁ TENTANDO, DE TODAS AS MANEIRAS, ROUBAR OS DIREITOS DE SEU IRMÃO Á PEDRA ENCONTRADA NO GARIMPO.


NÃO PERCA O CAPÍTULO 29 DE IRMÃOS CORAGEM!!!


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