Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 31
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JERÔNIMO
DIANA
JOÃO
GENTIL PALHARES
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SINHANA
SEBASTIÃO
E OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS
CENA 1 - COROADO - IGREJA - EXT. - DIA.JERÔNIMO
DIANA
JOÃO
GENTIL PALHARES
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SINHANA
SEBASTIÃO
E OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS
Ao deixar a igrejinha, benzendo-se, ainda, Jerônimo deu de cara com o casal.
JERÔNIMO - É... ela tinha que voltar... assim, não é, João?
Lara girou o corpo com agilidade, fitando o moço.
DIANA - Vim só avisar vocês pra tomar cuidado. Os homens de Falcão vão atrás de vocês. Se preparem pra uma emboscada. Vão tirar o diamante.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - TABERNA DE GENTIL PALHARES - INT. - DIA.
Entraram na taberna de Gentil Palhares. O bem-humorado homem recebeu-os com um sorriso e uma expressão de intranqüilidade. Ouvira a última parte do diálogo.
GENTIL PALHARES - Eu avisei. Eu avisei, João!
JOÃO - Mas, ninguém pode fazê isso. O diamante é meu! Eu achei!
DIANA - Estão dizendo que a escritura do local da mina é falsa...
JOÃO - É mentira!
JERÔNIMO - Eles tinha de se apegá a alguma coisa... A gente tava esperano, não tava?
DIANA - Foge, João, antes que eles te agarrem...
Jerônimo, que estava á porta, avisou, olhando para as bandas da praça:
JERÔNIMO - É tarde, mano. Falcão vem aí, com os homes!
Sem que ninguém percebesse, Gentil, por baixo do balcão, passou ás mãos de Jerônimo um calibre 45.
GENTIL PALHARES - (disse baixinho) Defende teu irmão.
Falcão comandava um grupo de dois homens e Juca Cipó. O delegado entrou, ameaçadoramente, segurando a coronha do revólver, preso no cinto. João ficou frente a frente com o enviado do coronel.
JOÃO - (sem receio) O que o senhô qué?
DELEGADO FALCÃO - Não sei se você já sabe... mas a mina onde achou o diamante raro... não lhe pertence...
JOÃO - (fervendo de indignação) É do meu pai e minha também!
DELEGADO FALCÃO - Pois é... acontece que o sujeito que vendeu pro seu pai, passou uma escritura falsa.
JOÃO - A gente procura prová isso, seu Falcão.
DELEGADO FALCÃO - Tá certo... mas, até que prove, João, sou obrigado a lhe pedir pra me entregar o diamante...
João passeou os olhos pela sala. Á sua frente, Diogo Falcão, um capanga estrategicamente postado em cada lado e, á entrada, da porta, o lunático Juca Cipó.
JERÔNIMO - Eles tão querendo te agarrá, João.
Houve um imperceptível movimento entre os bandos. João, Jerônimo e Braz entreolharam-se, num átimo.
DELEGADO FALCÃO - (procurando tranqüilizar o inimigo) Absolutamente, ninguém faz nada contra ninguém. Estou só pedindo o que é de direito... que você me entregue a pedra... para que fique em meu poder... até que me prove, por lei, que a mina é de vocês.
A revolta de João nasceu com a explosão de um petardo: repentina, incontrolável, violenta.
JOÃO - (com firmeza e decisão) Pois eu digo o contrário. A pedra fica comigo!
João permanecia imperturbável, pronto para tudo. Aguardou a reação.
DELEGADO FALCÃO - Desculpe, João, mas quem dita as ordens sou eu.
JOÃO - Se for provado que a mina não é nossa, eu entrego ela...
JERÔNIMO - (instigava o irmão) Dá na cara deles, João! Senta a mão neles!
JUCA CIPÓ - (berrou, histérico) Acaba logo com isso, Falcão!
JOÃO - Calma, gente, ninguém precisa brigá.
DELEGADO FALCÃO - De pleno acôrdo. (assentiu) Você me entrega a pedra e eu deixo você seguir seu caminho em paz.
JERÔNIMO - (em defesa do irmão) Acontece, seu Falcão, que ele não vai entregá!
DELEGADO FALCÃO - Desculpe... mas sou obrigado a usar da força... (volveu os olhos para João) Eu sei que você está com ela.
Os olhares dos Coragem cruzaram-se num choque de segundos. Jerônimo estava preocupado com a passividade do outro.
JERÔNIMO - Meu irmão... você não vai deixá que eles pegue o nosso diamante! Pra não brigá... ocê não vai permiti uma coisa desta...?
DELEGADO FALCÃO - Você é um sujeito sensato e não gosta de briga ou confusão. É claro que vai me obedecer sem criar problemas.
JOÃO - Olha. Seu delegado, pago pra num entrá numa briga, sou home de paz, mas quando entro, pago pra num saí. E tou pagando, agora, pra vê se há algum home aqui que tem coragem de me tirá o diamante. Eu juro! Ele tá em meu poder! Aqui! (bateu com a mão em cima do bolsinho suplementar) Guardado comigo! Quero vê home pra me arrancá o diamante...
Falcão tentou dar um passo á frente, mas a arma de Jerônimo brilhou nas mãos do rapaz.
JERÔNIMO - Quero vê se existe alguém com corage! Quero vê! Nós vamo saí, e não vamo corrê, porque home num corre. Mas, vou avisá: não tenta, Falcão! Não tenta, que eu sei atirá muito bem e já tou com coceirinha no dedo. (virou-se para o irmão) João, vai até o carro. Eu te protejo!
JUCA CIPÓ - Eles vão fugi. Não deixa!
Jerônimo apontou o cano da 45 para o peito do jagunço. Lutou contra o desejo de premir o gatilho. Juca fez um gesto de defesa, com as mãos cruzadas sobre a cara horripilante.
JERÔNIMO - Ninguém tenta impedi. Vai saí fogo. Braz, pro carro. João, depressa.
CORTA PARA: CENA 2 - COROADO - TABERNA DE GENTIL PALHARES - EXT. - DIA.
Jerônimo saiu de costas para a rua, observando os movimentos do bando de Pedro Barros.
JERÔNIMO - Se alguém se mexê, eu atiro! E pra matá!
O carro partiu levando os garimpeiros e deixando a frustração entre os homens encarregados de manter a lei e a decência em Coroado.
JUCA CIPÓ - Cê foi besta, seu delega! Devia ter reagido!
DELEGADO FALCÃO - Bem, meu dever é manter a ordem, não acha? Eu não queria um tiroteio aqui, na cidade.
JUCA CIPÓ - Mas, meu patrão disse...
DELEGADO FALCÃO - Eu sei bem o que seu patrão disse. A gente pega o diamante... de algum jeito. E não vai demorar muito. Questão de tempo...
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - INT. - NOITE.
SINHANA - (ao marido, á luz do lampião) Tem certeza de que guardô a escritura das terra do Matão?
SEBASTIÃO - Pois não tenho, mulhé? Você não se lembra? Ela devia ta aqui, no meio dessa papelada...
JERÔNIMO - Se a gente não achá essa escritura, a gente tá frito. Eles engole a gente com roupa e tudo...
Enquanto Sinhana procurava o documento, Jerônimo encaminhou-se para o quarto a chamado do irmão.
CORTA PARA:
CENA 4 - RANCHO CORAGEM - QUARTO - INT. - NOITE.
João cavava um buraco profundo, de uns 30 centímetros de diâmetro, utilizando-se de uma pequena colher de pedreiro. Trabalhava duro.
JERÔNIMO - Precisa de ajuda?
JOÃO - Não, tá quase terminado. Te chamei pra dá opinião. Vê se o local tá bão.
Jerônimo examinou o buraco e voltou os olhos pelos quatro cantos do cômodo.
JERÔNIMO - Acha que o certo é enterrá aí o diamante? Não seria melhor se você fosse logo pra capital, fazê negócio?
JOÃO - E eu vou. Só que não pode sê agora. Preciso resolvê umas coisa... Eu quero que ocê seja o chefe dos garimpeiros, antes da gente vendê a pedra.
JERÔNIMO - (concordou) Nisso ocê tem razão. Senão, vão dizê que os home me escolhero só porque a gente tá cheio do dinheiro.
Ajoelhou-se e ajudou o irmão a aprofundar a cavidade no solo barrento.
JOÃO - Acho que já tá bom, não tá?
JERÔNIMO - Parece...
Calmamente, retirou a bolsinha de couro da cintura, descosendo o bolso costurado por Sinhana e enterrou-a, colocando entre ela e a superfície do chão, uma enorme pedra de coloração ferruginosa.
JERÔNIMO - (balbuciou, com a cabeça inclinada para o chão) Ninguém vai desconfiá que ele taí...
Levantaram-se, apoiados um no outro, e abraçados dirigiram-se á cozinha.
JOÃO - Acho que mais uma semana só e a gente vai pra capital... pra fazê negócio. Depois é a riqueza!
CENA 5 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - INT. - NOITE.
João e Diana estavam deitados no capim seco do galpão.
DIANA - Estou com fome, grandalhão...
JOÃO - (levantando-se) Fique aí. Vou buscar alguma coisa pra gente comê.
CORTA PARA:
CENA 6 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - EXT. - NOITE.
O assalto ocorreu sem que João contasse com boa chance de reação, quando foi atacado. Durante segundos os dois homens rolaram pelo chão e não fôra a intervenção decidida da moça, arrancando pedaços da pele do rosto do assaltante com as unhas, a luta teria terminado com a vitória do bandido. Caído ao solo, o homem parecia á mercê de João Coragem. Houve um instante de descuido, um murro aplicado com violência e o garimpeiro foi ao solo, semidesacordado.
DIANA - Você só tem tamanho, grandalhão. Podia ter liquidado com a vida daquele safado...
JOÃO - O covarde me pegou de surpresa...
DIANA - Ora, você tem que ser mais esperto! Mas de uma coisa eu tenho certeza: lanhei toda a cara do tipo! E sei muito bem quem é ele: Lourenço D'Avila! Tenho quase certeza! Amanhã vou tirar a prova!
A jovem, aborrecida, retornou ao abrigo do velho galpão de madeira.
FIM DO CAPÍTULO 31
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# RITINHA TEM SEU APARTAMENTO INVADIDO POR PAULA E HERNANI. A AMANTE DO MARIDO AFIRMA QUE COMPROU SEU APARTAMENTO E EXIGE QUE DESOCUPE O IMÓVEL O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! SOZINHA, SEM A PRESENÇA DO MARIDO, RITINHA SE DESESPERA, SEM SABER O QUE FAZER!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 32 DE "IRMÃOS CORAGEM"!!!
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