quinta-feira, 14 de abril de 2011

CAMINHOS E ESCOLHAS - CAP. 2







CAPÍTULO 2



CENA 1. RENATO COM ROUPA CASUAL, ASSIM COMO MELISSA.
RENATO LIGA O PISCA-ALERTA, DESCE DO CARRO E VAI ATÉ MELISSA. UMA AGLOMERAÇÃO SE FORMA.
MELISSA – (brava e se levantando) Você é cego? Não presta atenção não?
RENATO – (nervoso) Olha, desculpa, é que eu... (os dois se olham) Pera, pera... Eu conheço você. Você é a... a Melissa. 
MELISSA – (alegre) Eu recebi a sua foto. Renato. 
HOMEM – (alto) Eu vou ligar pra a polícia.
MELISSA – (alto e agradecida) Não, gente, não precisa. Não aconteceu nada. Eu tô bem, tá?
CARROS COMEÇAM A BUZINAR.
RENATO – (alegre) Então, se tá tudo bem vamo sair logo daqui. Antes que aconteça alguma coisa pior.
MELISSA – (caindo na real) Claro, claro. 
RENATO E MELISSA ENTRAM NO CARRO. O RAPAZ DIRIGE SAINDO DALI E DESCONGESTIONANDO O TRÂNSITO. 
RENATO – (dirigindo o carro; feliz) Nossa! Eu acho que a gente começou bem, viu? Nosso primeiro encontro já assim, agitado. 
MELISSA – (feliz e tímida) E como... Deve ser incrível, assim, pra você, sabe? 
RENATO – (desentendido) Incrível? O que? Ter te atropelado?
MELISSA – Não, não. Você tá chegando da Argentina há pouco tempo, então deve ser bem incrível ir direto pra praia e encontrar a sua... a sua...
RENATO – (encantado) A minha namorada.
MELISSA – (encantada) É. A sua namorada.
PAUSA. UM CACHORRO PASSA NA FRENTE DO CARRO E RENATO FREIA BRUSCAMENTE.
MELISSA – (assustada) Ai, Meu Deus! Eu acho que é melhor ficar calada antes que aconteça um acidente de verdade aqui e a gente não consiga...
RENATO – (divertido) Se beijar?
MELISSA – (surpresa) Mas você é rápido, hein?
RENATO – E quando a gente falava pela Internet você não percebia isso?
MELISSA – Não.
RENATO – Eu não acredito. Eu digitava tão rápido.
MELISSA SORRI.

CENA 2. CONTINUAÇÃO DA CENA 10, DO CAPÍTULO 1.
LIA RESPIRA COM DIFICULDADE. APENAS SIMONE ESTÁ AO SEU LADO. OS OUTROS OBSERVAM TUDO NERVOSOS. 
SIMONE – (nervosa) Respira fundo, dona Lia. Por favor, faz um esforço. A senhora vai sobreviver.
LIA – (morrendo) Não adianta, minha filha. A minha hora já chegou. Eu já vivi demais, agora é a sua vez de viver, de não deixar essa escola morrer.
SIMONE – (nervosa) Não fala nada, dona Lia. Só respira. Só isso.
LIA – (morrendo) Você vai ser a nova diretora dessa escola, Simone. Você merece essa escola. Em todos esses anos como meu braço direito, eu vi... Eu vi que você ama isso, ama... Eu sei que você é a única pessoa capaz de dar a vida por essa escola.
SIMONE – (nervosa) Não, dona Lia, não. (alto) Gente! Cadê essa ambulância que não chega?! 
LIA – Viva, eduque, resista a tudo... tudo, tudo, tudo. Não deixe nada te abater. Nem todo mundo que está nessa sala é confiável. Anjos não vivem na Terra, mas demônios sim.
SIMONE – (nervosa) Ahn?
LIA MORRE. NISSO, SIMONE FICA MUITO NERVOSA E CHORA.
SIMONE – (nervosa e chorando) Não! Não! Dona Lia, dona Lia, a senhora não pode ir assim... a senhora não pode ir, dona Lia, pelo amor de Deus! (se levanta) Gente, pelo amor de Deus, onde tá essa ambulância? Ela tem que sobreviver.
CARMEN E LETÍCIA VÃO APOIAR SIMONE.
CARMEN – (triste) Calma, Simone. A vida é assim. Infelizmente a gente tem que aceitar isso. Infelizmente, mas... é a realidade.
LETÍCIA – (triste) Eu vou pegar um copo de água com açúcar pra você tentar se acalmar. Aí eu vejo se tem um calmante.
LETÍCIA SAI DALI. OS PARAMÉDICOS CHEGAM NO AUDITÓRIO. 
SIMONE – Eles chegaram! Vocês tem que salvar ela, ela tá muito mal. Ela tá morrendo!
UM DOS MÉDICOS SE LEVANTA APÓS TER VERIFICADO OS PULSOS DE LIA.
MÉDICO – (triste) Eu sinto muito.
TODOS ENTRISTECEM-SE DE VERDADE, EXCETO OLAVO E MÔNICA.
SIMONE – (desesperada) Como assim? Como assim sente muito? Meu Deus, vocês não podem fazer nada? A dona Lia tá morrendo, e vocês não podem fazer nada?
MÉDICO – Infelizmente, não há mais nada que nós possamos fazer. É difícil dizer isso, mas... Ela faleceu.
SIMONE – (zonza) Não... Não... (desmaia e Carmen a socorre, junto com os médicos)
CARMEN – Meu Deus!
OUTROS MÉDICOS LEVAM LIA. DOIS MÉDICOS LEVAM SIMONE PARA A AMBULÂNCIA. 
WILIAM – (temendo e baixinho) Tomara que a professora Simone fique bem.
MÔNICA – (baixinho) Sabe que eu não entendo essa sua... essa sua preocupação pela Simone. Você tá sempre tão ligado, tão ocupado com essa professora.
WILIAM – (inconformado e baixinho) Será que você não tem coração não, mãe? A dona Lia morreu e você não tá nem preocupada. 
MÔNICA – Olha como fala comigo, hein, garoto? Eu sou a sua mãe.
WILIAM – Eu vou ver se tão precisando de ajuda, viu? (sai do auditório)
MÔNICA – Wiliam. Mas que garoto atrevido.
CRISTIANE ESTRANHA A SAÍDA DE WILIAM.
CRISTIANE – (estranhando) Por quê o Wil saiu daqui desse jeito, mãe?
MÔNICA – Atrevimento. Só isso.
LETÍCIA E OLAVO FICAM PERTO UM DO OUTRO. 
LETÍCIA – Que coisa horrível! Eu nunca pensei que isso fosse acontecer.
OLAVO – E agora? É melhor suspender esse concurso, não? 
LETÍCIA – É, eu vou falar a todo mundo alguma coisa. Alguém tem que fazer alguma coisa, né?
LETÍCIA VAI ATÉ A FRENTE DE TODOS.
LETÍCIA – (alto) Gente! Gente! Eu queria a atenção de vocês. Eu não sou nada aqui, além de mãe de um aluno e amiga da Simone, mas... Eu acho que a única coisa que me resta a fazer é suspender esse concurso e continuar quando for possível. Tá?
TODOS CONCORDAM EM GESTOS COM A CABEÇA.
CENA 3. LORENA E GUILHERME COM ROUPA CASUAL. VANESSA COM ROUPAS CURTAS.
PRÉDIO EM QUE LORENA MORA. SALA DO APARTAMENTO. GUILHERME E LORENA ESTÃO NA SALA EM PÉ.
GUILHERME – (irritado) Eu acho que já te disse que odeio essas suas crises de ciúme, não foi, Lorena? Isso é ridículo! Uma idiotice, é uma neurose da sua cabeça!
LORENA – (ciumenta) Ah, é? Pois eu não acho! Eu acho, quer dizer, eu tenho certeza que você está me traindo. Eu nunca esperei isso de você, Guilherme. 
GUILHERME – Pois parece que sempre esperou. Esse seu ciúme doentio comigo é desde que nós nos conhecemos, e olha que não é pouco tempo não. Isso se com os outros namorados você não era assim. Sabe o que eu acho? Você é amarga, não tem amor, você não se sente segura em relação nenhuma, Lorena. 
LORENA – (alto) Não é verdade! (tom normal) Vocês, homens, que são assim. Vocês que traem, nós somos pobres inocentes.
GUILHERME – Sinceramente, eu não sei como eu aguentei ficar dois anos do seu lado. Você faz da vida de qualquer homem um inferno!
LORENA – É mentira! Eu tento dar o meu amor, eu tento dar o meu afeto, mas você não aceita. Prefere o calor daquela piranha, daquela idiota da lavanderia.
GUILHERME – Não adianta dizer as coisas pra você. Cê não entende. Eu vou embora.
LORENA – Vai embora pra onde? Pra onde?
GUILHERME – Pra a praia. Eu vou espairecer, ver gente. Eu não suporto mais ficar nessa casa ouvindo essas suas loucuras. 
GUILHERME SAI DE CASA.
LORENA – (alto) Vai ver quem? As prostitutas do calçadão? A nossa conversa não terminou ainda, Guilherme! Volta aqui!
LORENA GRITA E JOGA UM VASO NA PAREDE, ENFURECIDA.

GUILHERME ANDA PELO CALÇADÃO EXAUSTO. ELE OBSERVA UM HOMEM PARANDO UM CARRO E CHAMANDO VANESSA PARA DENTRO DELE. VANESSA ENTRA NO CARRO. ELA E GUILHERME SE OLHAM MEIO APAIXONADOS PELO RETROVISOR LATERAL. O VIDRO ESCURO LEVANTA E O CARRO SAI DALI.

CENA 4. CONTINUAÇÃO DA CENA 1 DO 2º CAPÍTULO.
RENATO E MELISSA ESTÃO SENTADOS NA MESA DE UM QUIOSQUE, EM IPANEMA. OS DOIS ESTÃO ENCANTADOS UM COM O OUTRO. 
MELISSA – Então você foi pra a Argentina fazer engenharia civil. 
RENATO – Exatamente. Não é a paixão da minha vida, mas eu gosto. Eu adoro mesmo acelerar nas pistas de fórmula 1, só que o meu pai disse que é melhor me garantir fazendo faculdade. Ele também morre de medo que eu sofra um acidente no meio de uma corrida. Mas eu sonho em ser Ayrton Sena um dia.
MELISSA – O seu pai tem razão, viu? Se eu tivesse no lugar dele morreria primeiro que você, de tanto nervosismo.
RENATO RI.
MELISSA – E você não tem medo não?
RENATO – De verdade. Eu não tenho medo. Já me acostumei também, né? Desde pequeno eu tenho essa paixão por fórmula 1.
MELISSA – E o seu pai tem algum investimento grande por aqui? Sim, porque seu carro... Eu acho que nem com cem anos de trabalho eu conseguiria um carro assim.
RENATO – É. Não dá pra disfarçar mesmo, né? Meu pai tem um hotel aqui em Ipanema. Ele só não gosta porque eu não me interesso muito por esses negócios da família. Eu prefiro fazer o meu patrimônio com o meu trabalho.
MELISSA – Então, somos dois. Eu não gosto de me sustentar em ninguém, eu gosto de conseguir tudo sozinha com o meu suor. Mas eu acho que não vou conseguir grande coisa. Eu moro com o meu pai lá na Santa Marta, e com a minha irmã, a Mel. Já ela é totalmente o meu oposto, só quer dinheiro fácil, não gosta de fazer muito esforço. Ela disse que tá muito perto de construir uma riqueza sem fim.

CENA 5. MEL E BETO COM ROUPAS CASUAIS. 
APARTAMENTO DE BETO. MEL E BETO ENTRAM NA SALA SE BEIJANDO ARDETEMENTE. ELES CAEM NA CAMA. 
BETO – Eu já te disse que de doce você só tem o nome, Melzinha?
MEL – Já. Milhões de vezes. Só que eu nunca te perguntei se o meu beijo também não é doce.
BETO – Doce nada. O seu beijo é quente. Tem gosto de pimenta.
MELISSA JOGA BETO NA CAMA E SE LEVANTA.
MEL – Gosto de pimenta... Você vai ver o fogo se esse seu plano não der certo. 
BETO – A sua irmã já te disse alguma coisa sobre o velho? Como ele é, qualquer coisa assim?
MEL – Disse. Não sei se vai ajudar.
BETO – O que foi que ela disse?
MEL – Eu ouvi ela falando com o meu pai que ele é um coroa muito elegante. 
BETO – Isso dá pra ver só numa foto. E o que mais.
MEL – E ele é muito simpático, muito legal. Tratou ela, ó, como uma rainha. Não é daqueles que trata as empregadas como um lixo.
BETO – Ótimo pra sua irmã.
MEL – Aí ela falou lá umas besteiras, de uma mulher aí, uma hóspede. Uma chata que fala com todo mundo do jeito que quer, porque diz que é namorada do filho do dono do hotel. 
BETO – (tendo uma ideia) Namorada do filho do doutor Maurício Romero? É. Isso pode ajudar a gente. Ajudar muito. 
MEL – Dá pra explicar melhor? Eu não tô entendendo o seu raciocínio. 
BETO – Eu faço questão de explicar tin tin por tin tin. Essa moça aí, a hóspede, deve ser amiga da família real, e eu vou usar todo o meu charme, todo o meu jogo pra envolver essa garota. Enquanto isso, você vai largar esse emprego mixuruca e tratar de arrumar outro lá no hotel do velho. 
MEL – (desentendida) Como assim, Beto? Eu tô garantida nesse emprego. Vou jogar tudo fora?
BETO – Que garantida? Com uma merreca no fim do mês? Pensa alto, Mel, pensa alto. Você vai seduzir o filho do seu futuro patrão. Vai fazer ele cair na sua, e eu sei que você consegue. Cê vai fazer o playboyzinho ficar caidinho por você, que nem um cachorrinho, até que ele não saiba o que é ração e veneno.
MEL – (duvidando) Espero que isso dê certo, viu? Espero que a gente fique rico de uma vez, porque eu já tô cansada de subir escada de favela. Eu quero um elevador na minha mansão.
BETO – (rindo) Elevador? Vem cá, vem.
MEL E BETO SE BEIJAM NA CAMA.

CENA 6. CLARA E LUÍS COM TRAJES CASUAIS.
SHOPPING. LUÍS E CLARA VÃO SAINDO DO CINEMA. OS DOIS ANDAM DE MÃOS DADAS.
CLARA – (feliz) Adorei o filme, amor. 
LUÍS – (feliz) Eu também gostei muito. O bem-amado... Minha mãe falava muito da novela. Eu não assisti, mas se foi como no filme, era ótima.
CLARA – É. E a gente faz o que agora? Vamo comer? Pizza, que tal?
LUÍS – É, pra mim tudo bem. A pipoca não encheu muito a minha barriga. 
CLARA SORRI.
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. CLARA E LUÍS SENTAM NUMA MESA DA PRAÇA. UM GARÇOM SE APROXIMA DOS DOIS COM UM CARDÁPIO.
GARÇOM – Boa noite. Aqui está o cardápio.
CLARA – (pegando o cardápio) Obrigada. Daqui a pouco a gente pede.
O GARÇOM SAI DALI.
LUÍS – O Gildo é tão legal, né? 
CLARA – É, é sim. Ele me trata muito bem. Quem dera se todas as empregadas tivessem um patrão assim.
LUÍS – Ele deve ter ficado muito mal quando perdeu a mulher, não foi?
CLARA – Foi terrível pra ele. Eu acompanhei tudo de perto. Eu não sei o que faria se te perdesse, viu? Eu ia ficar louca, não sei.
NA TELEVISÃO PASSA UMA REPORTAGEM MOSTRANDO UMA IMAGEM EMBAÇADA DE GUSTAVO E FALANDO SOBRE O ROUBO:
REPÓRTER – Segundo a delegada que investiga o caso, esse homem é mais um dos bandidos que fazem a saidinha de banco. Ele teve a ajuda de um outro que ainda não foi identificado pela polícia. 
POLICIAL – (no microfone) Quem vê-lo comunique rapidamente a polícia. 
O GARÇOM OLHA PARA LUÍS DISCRETAMENTE E LIGA PARA A POLÍCIA. 
CLARA – (séria) E o seu problema lá com a dona da casa? Ela continua te cobrando o aluguel?
LUÍS – (sério) Continua. Mas também, o meu patrão atrasou no pagamento. Ele disse que ia pagar amanhã, mas vamo ver, né?
CLARA – Cê pode contar comigo, viu? Cê sabe disso.
DOIS POLICIAIS CHEGAM ATÉ CLARA E LUÍS. 
POLICIAL 1 – (sério) Boa noite.
CLARA E LUÍS – (estranhando) Boa noite. (SÓ LUÍS): Algum problema?
POLICIAL 2 – O senhor poderia nos acompanhar, por favor?
LUÍS – Como assim? O que tá acontecendo?
POLICIAL 1 – Não se faça de desentendido. Vamos conosco agora, ou você quer confusão?
LUÍS – Eu vou lá com eles, Clara. Você fica aqui? Eu acho que é rápido.
POLICIAL 1 – É só até chegar o dia do seu julgamento. 
CLARA – (exaltada) Como assim dia do julgamento? Isso... isso é um engano, senhor, o Luís não fez nada.
POLICIAL 1 – Então é Luís o nome do assaltante de bancos? Você não tem vergonha de assaltar velhinhas não?
LUÍS – (exaltado) Que velhinha? Eu... eu não sei do que vocês tão falando.
POLICIAL 2 – O senhor está preso, seu Luís. Queira nos acompanhar.
POLICIAL 1 – E a senhora? É namorada dele? É cúmplice? A cúmplice não identificada? Eu acho que nós podemos levar ela presa também, né?
CLARA – Olha, o Luís é inocente. Ele e eu, nós...
LUÍS – (interrompendo) Não. A culpa é só minha. Eu não tive ajuda nenhuma. Eu assaltei a velhinha sozinho. Ela não tem nada haver com isso.
CLARA – Eu não tô entendendo nada. Você roubou quem, Luís? Que é que cê tá falando?
LUÍS – (mais calmo) Podem me levar. Mas deixem ela em paz.
POLICIAL 2 – A moça não tem nada haver com isso. Vamos levá-lo.
OS POLICIAIS ALGEMAM LUÍS. 
CLARA – (desesperada) Mas o que é isso? Eu não acredito que você me enganou, Luís.
OS POLICIAIS SAEM DALI COM LUÍS. CLARA SAI DALI PELO OUTRO LADO DESESPERADA.

CENA 7. CONTINUAÇÃO DA CENA 1. 
PRAIA DE IPANEMA. MELISSA E RENATO ANDAM PELA AREIA DA PRAIA DE MÃOS DADAS.
RENATO – Sabe que eu nunca pensei que a Internet pudesse unir as pessoas assim? 
MELISSA – E você não assiste jornal não, Renato? Passa tanto histórias de gente que chegou no altar e começou na Internet.
RENATO – Eu também pretendo terminar no altar. Quer dizer, começar no altar e terminar só no túmulo.
MELISSA – Cê não acha que tá cedo demais pra pensar nisso? A gente... a gente acabou de se conhecer.
OS DOIS PARAM DE ANDAR E FICAM FACE A FACE.
RENATO – A gente se fala há meses, Melissa. (bem-humorado) Por isso eu vou começar logo com isso, porque já tá muita conversa e muita conversa não vai a lugar nenhum.
RENATO SE AJOELHA. 
MELISSA – (rindo) Ô, Renato, cê vai se melar de areia. 
RENATO – Pelo meu amor, eu me melo até de lama!
RENATO E MELISSA SE OLHAM, RINDO, ATÉ QUE ELA DESVIA O OLHAR E FALA:
MELISSA – Você é louco, viu?
RENATO – É. Eu sou louco mesmo. Louco de amor. Por você. E por isso... Melissa... eu quero pedir pra você ser a minha... a minha namorada.
PAUSA. 
RENATO – Então? Namora comigo?
MELISSA – Claro que namoro, claro! Agora levanta, vai. (Renato se levanta) Vamos selar essa união.
RENATO BEIJA MELISSA. 
RENATO – Cê precisa conhecer o meu pai e a minha madrasta. E a Lurdinha também, ela é muito legal, cuidou de mim desde que eu era (representa um tamanho baixo) desse tamanhinho. 
MELISSA – Eu vou ter muito prazer em conhecer todos eles. E vou te levar também pra conhecer o meu pai e a Mel. Se você quiser, né, porque vai ter que subir a favela todinha?
RENATO – Depois de tanto tempo me conhecendo você ainda acha que eu ligo pra isso? Não, Melissa. Eu não me importo em subir todas as escadas desse mundo em qualquer lugar que seja. 
OS DOIS SORRIEM ENCANTADOS UM COM O OUTRO.

CENA 8. TODOS DA CENA ESTÃO COM ROUPA DE FUNERAL.
RIO DE JANEIRO. AMANHECE. CEMITÉRIO. MUITAS PESSOAS ACOMPANHAM O ENTERRO DE LIA. SIMONE ESTÁ PERTO DO CAIXÃO E CHORA A PERDA DA DIRETORA. CARMEN CONSOLA A AMIGA.
WILIAM – (sentindo pena) Coitada da Simone. Ela deve tá muito mal.
MÔNICA – (abusada) Sei... Isso só pode ser cena pra todo mundo pensar que a nova diretora é uma mulher perfeita. 
WILIAM – (chateado) Eu não sei porque você não gosta da Simone. Por quê essa antipatia com ela, mãe?
MÔNICA – E eu não sei porque você gosta tanto dessa talzinha.
CRISTIANE – Gente, faz silêncio. Nós tamos num enterro, uma pessoa morreu. 
EDUARDO E RODRIGO ACOMPANHAM O ENTERRO E CONVERSAM:
EDUARDO – E lá na sua casa? Continua tudo igual?
RODRIGO – Continua. O Olavo pode fazer de tudo, mas não consegue me convencer que é uma pessoa boa. Já o pai dele é diferente. Eu considero o seu Zé Meireles como meu avô.
EDUARDO – Que bom. É pena você não ter o apoio de um pai.
RODRIGO – O meu pai deve ser pior do que o Olavo. Deus me livre que ele volte!
EDUARDO – Eu queria conhecer o meu. A minha mãe nunca fala dele, mas deve ser legal ter um pai.

CENA 9. TODOS COM ROUPA CASUAL.
PRÉDIO ONDE LETÍCIA MORA. SALA DO APARTAMENTO DELA. VITÓRIA SE DIVERTE ASSISTINDO DESENHO. OLAVO CHEGA NA SALA COM UMA DOSE DE VODKA.
OLAVO – (maldoso) Vai saindo daí, garota. Vai, desinfeta.
VITÓRIA SE LEVANTA COM UMA CARA PENOSA.
VITÓRIA – Mas eu tô assistindo desenho, tio. 
OLAVO – Eu já disse pra você não me chamar de tio, não já? (Vitória balança a cabeça afirmando) Então por quê você insiste em me chamar de tio? (pegando o controle e mudando de canal) Eu lá sou a porcaria do seu tio!
VITÓRIA FICA NA FRENTE DA TV.
OLAVO – Sai da frente. (pausa; alto) Sai da frente, garota, eu não vou repetir! (pausa) Vai pro teu quarto agora antes que eu dê uma pisa em você.
VITÓRIA – Eu quero assistir desenho.
OLAVO – Mas não vai assistir. (pegando com força no braço de Vitória, que geme) Vai pro seu quarto agora! Anda! 
JOSÉ MEIRELES CHEGA E INTERROMPE O FILHO.
JOSÉ MEIRELES – O que é que você pensa que tá fazendo, Olavo? Solta ela!
PAUSA.
CENA 10. MEL COM UMA ROUPA PROVOCANTE E A GERENTE COM ROUPA FORMAL.
GERENTE – Você está certa disso, Mel? Vai largar o emprego mesmo?
MEL – Vou. Eu tô certíssima do que tô fazendo. Eu me demito.
GERENTE – Você não tá se sentindo bem aqui, é alguma coisa desse tipo?
MEL – Não, não aconteceu nada. Eu só tive uma oportunidade melhor. Só isso.
GERENTE – Então você passa aqui amanhã pra ajeitar as suas contas, certo? Pode ser assim?
MEL – Amanhã. Tá ótimo. Bye, bye! (sai dali)

CENA 11. ALICE COM ROUPÃO, MELISSA FARDADA, E O RESTO DOS PERSONAGENS ESTÃO COM ROUPAS CASUAIS.
PRAIA DE IPANEMA. HOTEL MAR NATO. CORREDOR DE APARTAMENTOS. UM GAROTO PASSA PELO CORREDOR E MUDA O AVISO “NÃO PERTUBE” PARA “LIVRE” NO APARTAMANTO DE ALICE. ELE CORRE E SEU PAI O SEGUE.
PAI – (sem jeito) Vem cá, garoto. Vem cá.
MELISSA CHEGA NO CORREDOR COM O MATERIAL DE LIMPEZA. ELA ABRE A PORTA DE ALICE E ENTRA NA SALA. MELISSA COMEÇA FORRANDO A CAMA. ALICE SAI DO BANHEIRO. ALICE GRITA.
ALICE – (brava) O que é que você tá fazendo aqui?
MELISSA – (atrapalhada) Você, quer dizer, a senhora é a senhora? E tá aqui?
ALICE – (brava) Como é que você invade a minha suíte sem a minha autorização.
MELISSA – Me desculpa, senhora, me desculpa. Eu me enganei, dá licença, é melhor ir embora.
ALICE – Embora? Você vai embora sim. Vai pra o olho da rua! Eu vou lá no Maurício pra ele te mandar para fora desse hotel. Você vai ser de-mi-ti-da!
CENA 12. MEL COM ROUPA PROVOCANTE E MAURÍCIO COM ROUPA FORMAL.
SALA DE MAURÍCIO. MAURÍCIO ESTÁ SENTADO EM SUA MESA, DORMINDO. O TELEFONE TOCA, ELE SE ASSUSTA E ATENDE. 
MAURÍCIO – Alô! (pausa) Sim, pode mandar entrar. Obrigado. (encerra a ligação)
MAURÍCIO MECHE NOS OLHOS E BATE NA CARA PARA DESPERTAR. MEL ENTRA E FECHA A PORTA. MAURÍCIO SE LEVANTA.
MEL – (sorridente) Bom dia.
MAURÍCIO – (simpático) Bom dia.
PAUSA.

FIM DO CAPITULO





E no terceiro capítulo: Diogo, bêbado, provoca vexame no enterro de Lia
Ericles passa mal.Totó engole esmeraldas roubadas

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