segunda-feira, 4 de abril de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 25



Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 25

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

JOÃO
JERÔNIMO
PEDRO BARROS
MARIA DE LARA
JUCA CIPÓ
ESTELA
DALVA
LOURENÇO
RODRIGO
DELEGADO FALCÃO
DR. MACIEL
E OS GARIMPEIROS


CENA 1 - COROADO - OUTEIRO - EXT. - DIA.

No pequeno outeiro, cercado de árvores e rochas, os garimpeiros discutiam. A luz de dezenas de tochas clareava o local, emprestando um toque histórico á cena rude. João Coragem abriu os braços pedindo silêncio.

JOÃO - Meus amigos... minha gente! Ninguém tá aqui pra provocá ninguém. Vocês me conhece e se viero aqui, foi porque confiaro em mim e no meu irmão. (sorriu simpáticamente para a multidão) Mas, quem é o candidato é ele, não sou eu. Eu pedi antes a palavra, porque a minha palavra é de paz. Sei que tem gente que não respeita a lei, nem a pessoa humana. Sei que tem criança morreno de fome, enquanto os rico dão banquete. Sei que os garimpeiro nasce na lama e morre na lama. Enquanto que, pros dono dos garimpo, a vida é uma festa. Mas eu acho, também, que tudo isso pode e deve acabá, sem a gente precisá recorrê á força, á violência ou á infâmia. Os home sempre pode entendê uns aos outro, porquê nascero irmão.

Os garimpeiros aplaudiram as palavras de João Coragem e redobraram de entusiasmo quando a figura empertigada de Jerônimo surgiu no elevado. Com a mecha de cabelos teimosamente caindo-se sobre os olhos, Jerônimo balançou a cabeça e pediu silencio.

JERÔNIMO - Meu irmão, a minha palavra também é de paz (falou, fitando orgulhosamente o outro) A gente não reuniu ocês pra dizê que as mata de Coroado são verde e o céu é azul. Chamamo pra mostrá uma triste realidade... Não é provocação dizê pra nossa gente que nós não temo dinheiro pra comprá o voto deles. O que nós temo é só mesmo a nossa verdade, e a vontade de fazê alguma coisa, acabá com os desmando do todo-poderoso de Coroado. Ocês são puro... e vão ser iludido. Ele pode comprá o voto docês. A gente não pode.

Num gesto teatral, Rodrigo retirou a camisa de Braz Canoeiro e o ajudou a subir no elevado.

RODRIGO - Se vocês se iludirem, coisas como esta vão continuar.

Os garimpeiros observaram, horrorizados, as costas lanhadas do colega de trabalho. Houve um murmúrio de exaltação a percorrer, como uma corrente elétrica, o grupo de rudes trabalhadores. Percebia-se a revolta em cada expressão.

RODRIGO - ( aproveitando-se da onda de reprovação) É esta a realidade que vocês têm que compreender!

JERÔNIMO - Qual de ocês não teve um cano de revólver encostado nas costas, quando achô uma pedra e foi obrigado a vendê por qualquer preço? Qual de ocês?

GARIMPEIRO - (voz irada, no meio da multidão) Nós todos! Eu mesmo, muitas vezes! Nós não tem o direito de vendê nossos diamante! Nós somos escravizado!

Outras vozes apoiaram a explosão do revoltado. Rodrigo voltou a falar, com os olhos refletindo a luz baça dos archotes.

RODRIGO - Meus amigos, existem leis, direitos que aqui não são respeitados.

JERÔNIMO - Crimes são cometido contra a gente. Gente inocente é assassinada. Basta lembrá o caso do “seu” Jorginho, prefeito. Tudo isso, pra que um só home domine esta cidade. E eu pergunto... por quê? Até quando? Se a gente tem nas mãos o que Deus nos deu pra impor a ordem, o direito e o respeito á lei!

Um sussurro envolveu os manifestantes quando Pedro Barros, abraçado a Lara, acompanhado de Juca Cipó e Diogo Falcão, aproximou-se do local. Jerônimo também percebeu a presença do inimigo e sentiu novas forças revigorarem o entusiasmo de que estava possuído.

JERÔNIMO - A primeira coisa que eu prometo a ocês é expulsá daqui os assassino, os mau. Juca Cipó é um deles... um assassino!

Imediatamente, Juca levou a mão á coronha. Os garimpeiros o olharam, ameaçadores. Juca pensou duas vezes... Jerônimo prosseguia na instigação.

JERÔNIMO - A filha de Pedro Barros (indicou a jovem junto ao pai ) não é modelo de virtude pra mulhé nenhuma!

Lara abaixou a cabeça, envergonhada, enquanto o delegado dava um passo á frente, ameaçador.

DELEGADO FALCÃO - Como representante da lei nesta cidade... eu exijo que provem o que estão dizendo!

PEDRO BARROS - (gritou, colérico) A calúnia é uma arma sórdida!

JERÔNIMO - Eu provo! – ( gritou, ante os olhares concentrados de dezenas de garimpeiros).

PEDRO BARROS - Provem! Provem! Eu exijo!

João com um movimento rápido colocou-se entre os dois homens, no momento em que Maria de Lara subiu á tribuna improvisada.

MARIA DE LARA - Eu sou a filha de Pedro Barros. Se alguém tem alguma prova contra a minha honra, eu peço que a apresente neste momento... e que me atirem a primeira pedra.

Fez-se um curto silencio no ambiente.

MARIA DE LARA - Eu também sei, meus amigos, que há muita coisa errada nesta cidade. Mas... há muita coisa errada no mundo, também. Nenhum de nós pode estar de acordo. Nem mesmo meu pai, que vocês julgam responsável por tudo de mal que existe por aqui. Eu lhes garanto, como filha dele, que ele também gostaria que em Coroado somente houvesse amor e tranqüilidade. Embora muitos não acreditem, eu lhes garanto que meu pai é um homem bom. E que, se cometeu erros no passado, está disposto a repará-los. Eu peço para ele um voto de confiança.

O grupo permaneceu silencioso, após as palavras de Lara, sem manifestações contra ou a favor das idéias expostas pela filha do coronel. Barros correu a abraçar a moça, cobrindo-lhe as costas com uma capa de couro.

PEDRO BARROS - Você já disse tudo. Vamos embora!

Os garimpeiros abriram um corredor para dar passagem aos dois. Lara sentiu os olhos de João fitarem-na, mas não ergueu os seus para o rapaz. De repente, o estampido, a correria, outro estampido e do ombro de Lara um filete de sangue cresceu e coloriu de vermelho-vivo a blusa de seda branca. Ela caiu ao chão em meio ao tumulto que se formou em segundos. O delegado e o coronel correram a ampará-la, enquanto Juca gritava, babando-se de alegria.

JUCA CIPÓ - Cuidado! Cuidado, minha gente!

FALCÃO - (de revólver em punho) Para trás! Para trás!

CORTA PARA:

CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA - GRANDE - SALA - INT. - NOITE.

Visivelmente nervoso, Diogo Falcão entrou na casa-grande levando Lara ao colo.


PEDRO BARROS - (berrou para os criados) Mande chamar o doutor! Dalva! Estela!

Dalva surgiu no tôpo da escada, olhos esbugalhados ante a cena – Lara sendo colocada, desmaiada e suja de sangue, sobre a poltrona larga da sala principal.

PEDRO BARROS - Vem cá, Dalva! Faz alguma coisa!

A tia empalideceu ao ver de perto as condições da sobrinha.

DALVA - Meu Deus, que foi isso, Pedro?

PEDRO BARROS - Aqueles malditos! Atiraro pra me acertá! Pegou na minha filha...

DALVA - (mal se sustinha de pé) Atiraram nela? Está morta?

DELEGADO FALCÃO - Não, morta não está.

A senhora levantou a blusa manchada e observou o ferimento. O sangue ainda corria muito lentamente.

DALVA - Deus do céu, como pode ter acontecido isto?

PEDRO BARROS - O tiro foi pra mim, já disse! Pra mim!

JUCA CIPÓ - (indiscreto) Eu disse que esse negoço num ia dá certo, num disse? Avisei, num avisei?

PEDRO BARROS - (ordenou, enérgico) Cala a boca! Você não sabe o que tá dizeno...

Mas Dalva já havia percebido tudo...

DALVA - O que não ia dar certo? O que vocês tramaram?

JUCA CIPÓ - É o tiro que eu não quis dá no meu patrão.

DALVA - (com severidade) Como? Expliquem-se!

Diogo Falcão procurou desviar a conversa. Sabia da fragilidade do jagunço.

DELEGADO FALCÃO - Não... não é nada. Não acha melhor a gente levar ela lá pro quarto, enquanto o doutor não vem?

PEDRO BARROS - É, melhor... Vai, leva ela, Falcão.

O delegado tornou a levantar a moça desfalecida, passando um braço por sob as costas e outro á altura das juntas do joelho.

Barros repreendeu o jagunço, logo após o grupo ter deixado a sala.

PEDRO BARROS - Veja lá o que diz, seu idiota!

JUCA CIPÓ - Será que foi... o Lourenço?

PEDRO BARROS - Claro que foi! Aquele... cachorro! Aquele desgraçado! Estava tudo acertado... pro tiro não pegá em ninguém. E foi pegá logo em quem... na minha filha! Eu mato aquele miserável!

O Doutor Maciel acabava de entrar, trôpego, claramente “tocado” pela cachaça.

DR. MACIEL - Eu já estava dormindo. Que foi isso? Que aconteceu com a senhorita Lara?

PEDRO BARROS - Um tiro... acertaram nela. Salva ela, doutor... e o senhor não se arrepende.

CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - SALA - INT. - NOITE.

Estela olhava Lourenço, que parecia inquieto.

ESTELA - Você quer me dizer alguma coisa?

LOURENÇO - Quero! Quero!

ESTELA - Diga!

LOURENÇO - Acho que fiz besteira!

ESTELA - Você esteve lá... no local combinado... etc. etc.?

LOURENÇO - Estive... estive lá. Subi numa árvore, bem distante... e esperei... esperei que o Coronel Barros chegasse.

ESTELA - E ele chegou?

LOURENÇO - Chegou... direitinho como esperava... como a gente tinha combinado. Primeiro... falou o João, depois o Jerônimo... seu promotor disse umas palavras... depois Lara.

ESTELA - (assombrou-se com a revelação) Lara? Minha filha se meteu entre essa gente?

LOURENÇO - Pois é... também pra mim foi uma surpresa. Mas aquele era o momento certo pra forjá o atentado...

ESTELA - (aborrecida) Não diga mais nada. Já sei tudo o que quer me dizer. Você atirou... e errou o tiro, como estava combinado. Só para fazer o bonzinho do meu marido ficar de vítima. Ah, meu Deus, que farsa! E você se prestou a ela. Ao menos... se tivesse acertado!

LOURENÇO - (exaltou-se) Mas... eu acertei!

ESTELA - (zombeteira) Não diga!

LOURENÇO - E não foi nele!

ESTELA - Quem foi? Se acertou no Juca, eu lhe dou os parabéns...

O capataz procurou forças para revelar toda a verdade.

LOURENÇO - Foi nela... na sua filha... em Lara!

ESTELA - (estremeceu) Quê?

LOURENÇO - Ocê ouviu...

Com os punhos cerrados, a mulher bateu no peito e no rosto do amante, num desespero incontrolável.

ESTELA - Bandido! Bandido! Por que fez isso! Por quê? Por quê?

Lourenço se desculpava, enquanto retinha o braço da amante entre suas mãos rijas e poderosas.

LOURENÇO - Não foi por querer, Estela! Não foi por querer! Eu não queria acertá em ninguém. Era só o susto!

FIM DO CAPÍTULO 25



E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

PEDRO BARROS APLICA UM CORRETIVO EM LOURENÇO POR TER "ERRADO O ALVO" E ATIRADO EM MARIA DE LARA.

ESTELA CONTA Á FILHA E TIA DALVA QUE O TIRO FOI ENCOMENDADO POR PEDRO BARROS PARA QUE ELE MESMO FÔSSE O ALVO, MAS OS CAPANGAS ERRARAM E LARA FOI ALVEJADA.

JOÃO VAI Á FAZENDO DE PEDRO BARROS E O DESAFIA, DEIXANDO-O FORA DE SI.


NÃO PERCA O CAPÍTULO 26 DE
"IRMÃOS CORAGEM"!!!


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