quinta-feira, 7 de abril de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 26





Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 26

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO

PEDRO BARROS
JUCA CIPÓ
LOURENÇO
MARIA DE LARA
ESTELA
DALVA
DR. MACIEL
JOÃO
JERÔNIMO
SINHANA
E OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS


CENA 1 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA

Pedro Barros esbofeteava violentamente o capataz. Juca Cipó e um dos capangas agüentavam Lourenço, agarrando-o por trás e o coronel aplicava-lhe o corretivo...

PEDRO BARROS - Isto é pela falta de pontaria! (resfolegando, ordenou) Agora, amarrem ele e levem pro galpão! Vai ficá lá até eu sabê dos resultados do exame do Doutô Maciel. Se ela morrê... você também será um homem morto...

CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.

Maciel acabara de fazer o curativo na ferida. Estela parou, a poucos passos da cama.

ESTELA - É grave?

DR. MACIEL - Não... felizmente, não. O tiro pegou de raspão. Foi uma hemorragia sem conseqüência. Apenas um desmaio, muito natural.

ESTELA - (aflita, meio desconfiada) Tem certeza... de que a bala não se alojou aí?

DR. MACIEL - (invocando a cunhada) Dona Dalva sabe que não.

DALVA - Que pergunta, Estela! Então o doutor ia se enganar?

Lara gemia fracamente e Estela sentou-se ao seu lado, na beira da cama.

ESTELA - Minha filhinha, minha queridinha! O que está sentindo?

Lara recobrou os sentidos, ainda zonza. O quarto parecia-lhe uma montanha russa. Tudo a girar... a girar...

MARIA DE LARA - O que foi... que me aconteceu?

ESTELA - Atiraram em você, por engano. O tiro era para seu pai, minha querida!

Maciel pigarreou, significativamente.

DALVA - (com azedume) Francamente, eu não estou entendendo esta história. Então vocês sabiam que iam tentar matar o Pedro?

ESTELA - Pois não sabíamos? Era um atentado forjado, para jogar a culpa sobre os nossos adversários (esclareceu, ante os olhares pasmados dos presentes).

MARIA DE LARA - (pôs a mão sobre a boca, horrorizada) Não é possível!

DALVA - Isto é um disparate, Estela!

ESTELA - Disparate, é? Pergunte ao Pedro! Foi ele quem arranjou esta embrulhada...

Lara balançou a cabeça, desalentada, como se falasse consigo mesma.

MARIA DE LARA - Papai havia prometido. Fez juramento de terminar... com essa espécie de coisas. (fez menção de levantar-se) Por que faltou com a palavra?

DR. MACIEL - Não faça isso... não levante ainda, ou corre perigo de nova hemorragia.

MARIA DE LARA - (resignada, dirigiu-se á mãe) Quero falar com papai. Pode chamá-lo?

Maciel deixava o quarto. Barros entrava. Encontraram-se na porta.

PEDRO BARROS - E então?

DR. MACIEL - Tudo bem, meu amigo, tudo bem. Desta ela não se vai. Mas, não é bom facilitar com novos atentados. Vou passar uma receita lá embaixo.

Maciel desceu as escadas em direção á sala de visitas.

PEDRO BARROS - (
aproximou-se da cama da filha) Lara... como tá passando?

MARIA DE LARA - Do ferimento estou melhor, papai. Mas, desolada com o que o senhor tramou. (depois de uma pausa, prosseguiu) Falhou com a sua palavra. Disse que ia terminar com atentados, mentiras, violências... mas o que aconteceu comigo foi um atentado forjado...

PEDRO BARROS - (voltou-se contra a esposa) Será possível, Estela? Você já me pôs contra nossa filha!

ESTELA - Disse a verdade! Você pode me desmentir?

MARIA DE LARA - (angustiada, com as mãos unidas ) Por quê, papai?

O coronel pareceu aceitar as recriminações. Baixou os olhos, quase que se penitenciando do erro que cometera.

PEDRO BARROS - Deus me castigou, minha filha. E foi um castigo duro! Tudo, porque faltei com a promessa que fiz a você.

MARIA DE LARA - (sentida, mas não decididamente contra o pai) Enquanto não provar a si próprio que pode mudar, Deus não vai ajudá-lo. (pausa) Por que me caluniaram, pai?

Barros modificou a expressão do rosto. De tranqüilo para angustiado. A máscara do coronel denotavam as múltiplas emoções que lhe iam n’alma. Percorreu o quarto com passadas lentas, o toc-toc do sapatão quebrando o breve silencio reinante no ambiente.

PEDRO BARROS - (com decisão) Se aproveitaram de uma sujeita que anda por aí fazendo besteira e que se parece com você. Já mandei caçar essa tipa. Mando buscá ela no inferno! Vou mostrá a esses patifes que há muita diferença entre você e essa sujeitinha.

MARIA DE LARA - (aprovou com um sorriso) Isso... tente encontrar essa mulher... faça tudo o que for possível, eu... eu preciso vê-la. Creio que ela é, realmente, a causa de tudo o que tem me acontecido.

CENA 3 - CASA DO RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.

JERÔNIMO - (irônico e insatisfeito, olhando ora para a mãe, ora para João Coragem) Tá na cara! Ela agora tá do lado do pai. Garanto que ocê tá do lado dele também! Vai... vai atrás dela! Vai pedir a benção pro Pedro Barros! (circundou a grande mesa de madeira e avizinhou-se do irmão) Aquela mulhé te virô a cabeça. Te afrouxô, João! Te acovardô! Tá vendo? O que eles queria era isso! Foi tudo preparado. Ela deu bola pro meu irmão... pra ele ficá contra mim!

JOÃO - Num é nada disso! (e voltando-se para Sinhana) Mãe, manda esse tonto calá a boca!

A velha interpôs-se afastando Jerônimo das proximidades de João.

SINHANA - Deus perdoe ocês... Deus perdoe! Tão ficano doido... sem respeito de irmão. Isso não se faz. (apertou, com força, o pulso do filho) É a mania de grandeza que tá te dominano, Jerome. Isso não agrada a Deus.

CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.

Pedro Barros entreabriu o colete e enfrentou o garimpeiro.

PEDRO BARROS - Veio aqui... pra vê minha filha?

João vestia um traje simples, calça de brim, camisa de gola larga e botinas amareladas, de bico muito largo.

JOÃO - Podia dizê que vim... não tava mentino... também podia sê um motivo... mas não o único.

Maria de Lara aproximava-se, a passos lentos e calculados, quase deslizando por sobre a grama do jardim. O pai avistou-a.

PEDRO BARROS - Vai pra dentro, Lara. Não te chamei aqui.

A moça parou por instantes, permanecendo atenta ao diálogo. João voltou-se e dirigiu-lhe a palavra.

JOÃO - Tou veno que a dona tá quase boa, com a graça de Deus.

Era o fio da meada. O filão que Pedro Barros esperava para dinamitar a conversa.

PEDRO BARROS - Não foi você que mandô atirá nela?

MARIA DE LARA - (gritou, histérica) Papai!

JOÃO - O senhô tá dizeno isso da boca pra fora. Sabe muito bem que eu não fiz uma coisa desta!

PEDRO BARROS - (cada vez mais irritado) Eu não sei de nada. Alguém tentou matá minha filha e eu não tenho outro inimigo que não seja você e toda sua raça!

Lara investiu contra o pai, sentindo-se envergonhada diante da inverdade e das acusações mentirosas assacadas contra o jovem garimpeiro.

MARIA DE LARA - Papai... o seu João tá dizendo que seria incapaz...

PEDRO BARROS - (corta) Voce não se mêta! Não te chamei aqui. Vai pra dentro!

Antes que a moça se decidisse pelo acato ás ordens do pai, João entregou-lhe uma pequenina pedra faiscante.

JOÃO - Pra senhora. De presente.

PEDRO BARROS - (dando um tapa na mão da moça) Ela não precisa disso...

O diamante caiu no chão, a alguns metros dali. Lara apanhou-o e saiu correndo para o interior da casa.

JOÃO - (encarou o velho milionário) Minha visita... era só pra dizê pro senhô... que o que tá fazeno com os garimpeiro não vai lhe ajudá em nada.

PEDRO BARROS - Sei o que tou fazendo!

JOÃO - Aumentou o preço da compra do diamante e tá forneceno mantimento de graça. Será que acha que é suficiente pra dá um cargo honesto pra um assassino?

O velho enfureceu-se e, com o rosto avermelhado, atirou um dedo escuro de nicotina diante da cara do rapaz.

PEDRO BARROS - Cuidado com o que diz, João! Juca é um puro!

O moço sorriu da definição do coronel: “Um puro”!

JOÃO - Vim lhe dizê... que aquele malfeitô, o seu jagunço... não vai conseguir o que qué.

PEDRO BARROS - É um desafio, João?

JOÃO - É. É um desafio. Dou a minha palavra que não vai!

As bochechas de Pedro Barros inflamaram-se com a ira que o consumia. Controlou-se, antes de retrucar á ameaça do inimigo.

PEDRO BARROS - Eu aceito. A gente vai vê!

João virou as costas, partindo a passos rápidos.

PEDRO BARROS - (gritou para o jagunço vigia) Olha aqui, Oto... se voce deixá este sujeito passá desse portão novamente... está despedido.

FIM CAPÍTULO 26
Maria de Lara (Glória Menezes) e Dalva (Mírian Pires)

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

O PROMOTOR RODRIGO, DESCONFIADO, PEDE A SINHANA QUE REVELE TUDO O QUE SABE SOBRE A MORTE DA ESPÔSA DO DR. MACIEL.

RODRIGO AVISA A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.

PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 27 DE IRMÃOS CORAGEM

Nenhum comentário:

Postar um comentário