CAPÍTULO 26
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO
PEDRO BARROS
JUCA CIPÓ
LOURENÇO
MARIA DE LARA
ESTELA
DALVA
DR. MACIEL
JOÃO
JERÔNIMO
SINHANA
E OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS
JUCA CIPÓ
LOURENÇO
MARIA DE LARA
ESTELA
DALVA
DR. MACIEL
JOÃO
JERÔNIMO
SINHANA
E OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS
CENA 1 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA
Pedro Barros esbofeteava violentamente o capataz. Juca Cipó e um dos capangas agüentavam Lourenço, agarrando-o por trás e o coronel aplicava-lhe o corretivo...
PEDRO BARROS - Isto é pela falta de pontaria! (resfolegando, ordenou) Agora, amarrem ele e levem pro galpão! Vai ficá lá até eu sabê dos resultados do exame do Doutô Maciel. Se ela morrê... você também será um homem morto...
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
Maciel acabara de fazer o curativo na ferida. Estela parou, a poucos passos da cama.
ESTELA - É grave?
DR. MACIEL - Não... felizmente, não. O tiro pegou de raspão. Foi uma hemorragia sem conseqüência. Apenas um desmaio, muito natural.
ESTELA - (aflita, meio desconfiada) Tem certeza... de que a bala não se alojou aí?
DR. MACIEL - (invocando a cunhada) Dona Dalva sabe que não.
DALVA - Que pergunta, Estela! Então o doutor ia se enganar?
Lara gemia fracamente e Estela sentou-se ao seu lado, na beira da cama.
ESTELA - Minha filhinha, minha queridinha! O que está sentindo?
Lara recobrou os sentidos, ainda zonza. O quarto parecia-lhe uma montanha russa. Tudo a girar... a girar...
MARIA DE LARA - O que foi... que me aconteceu?
ESTELA - Atiraram em você, por engano. O tiro era para seu pai, minha querida!
Maciel pigarreou, significativamente.
DALVA - (com azedume) Francamente, eu não estou entendendo esta história. Então vocês sabiam que iam tentar matar o Pedro?
ESTELA - Pois não sabíamos? Era um atentado forjado, para jogar a culpa sobre os nossos adversários (esclareceu, ante os olhares pasmados dos presentes).
MARIA DE LARA - (pôs a mão sobre a boca, horrorizada) Não é possível!
DALVA - Isto é um disparate, Estela!
ESTELA - Disparate, é? Pergunte ao Pedro! Foi ele quem arranjou esta embrulhada...
Lara balançou a cabeça, desalentada, como se falasse consigo mesma.
MARIA DE LARA - Papai havia prometido. Fez juramento de terminar... com essa espécie de coisas. (fez menção de levantar-se) Por que faltou com a palavra?
DR. MACIEL - Não faça isso... não levante ainda, ou corre perigo de nova hemorragia.
MARIA DE LARA - (resignada, dirigiu-se á mãe) Quero falar com papai. Pode chamá-lo?
Maciel deixava o quarto. Barros entrava. Encontraram-se na porta.
PEDRO BARROS - E então?
DR. MACIEL - Tudo bem, meu amigo, tudo bem. Desta ela não se vai. Mas, não é bom facilitar com novos atentados. Vou passar uma receita lá embaixo.
Maciel desceu as escadas em direção á sala de visitas.
PEDRO BARROS - (aproximou-se da cama da filha) Lara... como tá passando?
MARIA DE LARA - Do ferimento estou melhor, papai. Mas, desolada com o que o senhor tramou. (depois de uma pausa, prosseguiu) Falhou com a sua palavra. Disse que ia terminar com atentados, mentiras, violências... mas o que aconteceu comigo foi um atentado forjado...
PEDRO BARROS - (voltou-se contra a esposa) Será possível, Estela? Você já me pôs contra nossa filha!
ESTELA - Disse a verdade! Você pode me desmentir?
MARIA DE LARA - (angustiada, com as mãos unidas ) Por quê, papai?
O coronel pareceu aceitar as recriminações. Baixou os olhos, quase que se penitenciando do erro que cometera.
PEDRO BARROS - Deus me castigou, minha filha. E foi um castigo duro! Tudo, porque faltei com a promessa que fiz a você.
MARIA DE LARA - (sentida, mas não decididamente contra o pai) Enquanto não provar a si próprio que pode mudar, Deus não vai ajudá-lo. (pausa) Por que me caluniaram, pai?
Barros modificou a expressão do rosto. De tranqüilo para angustiado. A máscara do coronel denotavam as múltiplas emoções que lhe iam n’alma. Percorreu o quarto com passadas lentas, o toc-toc do sapatão quebrando o breve silencio reinante no ambiente.
PEDRO BARROS - (com decisão) Se aproveitaram de uma sujeita que anda por aí fazendo besteira e que se parece com você. Já mandei caçar essa tipa. Mando buscá ela no inferno! Vou mostrá a esses patifes que há muita diferença entre você e essa sujeitinha.
MARIA DE LARA - (aprovou com um sorriso) Isso... tente encontrar essa mulher... faça tudo o que for possível, eu... eu preciso vê-la. Creio que ela é, realmente, a causa de tudo o que tem me acontecido.
CENA 3 - CASA DO RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
JERÔNIMO - (irônico e insatisfeito, olhando ora para a mãe, ora para João Coragem) Tá na cara! Ela agora tá do lado do pai. Garanto que ocê tá do lado dele também! Vai... vai atrás dela! Vai pedir a benção pro Pedro Barros! (circundou a grande mesa de madeira e avizinhou-se do irmão) Aquela mulhé te virô a cabeça. Te afrouxô, João! Te acovardô! Tá vendo? O que eles queria era isso! Foi tudo preparado. Ela deu bola pro meu irmão... pra ele ficá contra mim!
JOÃO - Num é nada disso! (e voltando-se para Sinhana) Mãe, manda esse tonto calá a boca!
A velha interpôs-se afastando Jerônimo das proximidades de João.
SINHANA - Deus perdoe ocês... Deus perdoe! Tão ficano doido... sem respeito de irmão. Isso não se faz. (apertou, com força, o pulso do filho) É a mania de grandeza que tá te dominano, Jerome. Isso não agrada a Deus.
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.
Pedro Barros entreabriu o colete e enfrentou o garimpeiro.
PEDRO BARROS - Veio aqui... pra vê minha filha?
João vestia um traje simples, calça de brim, camisa de gola larga e botinas amareladas, de bico muito largo.
JOÃO - Podia dizê que vim... não tava mentino... também podia sê um motivo... mas não o único.
Maria de Lara aproximava-se, a passos lentos e calculados, quase deslizando por sobre a grama do jardim. O pai avistou-a.
PEDRO BARROS - Vai pra dentro, Lara. Não te chamei aqui.
A moça parou por instantes, permanecendo atenta ao diálogo. João voltou-se e dirigiu-lhe a palavra.
JOÃO - Tou veno que a dona tá quase boa, com a graça de Deus.
Era o fio da meada. O filão que Pedro Barros esperava para dinamitar a conversa.
PEDRO BARROS - Não foi você que mandô atirá nela?
MARIA DE LARA - (gritou, histérica) Papai!
JOÃO - O senhô tá dizeno isso da boca pra fora. Sabe muito bem que eu não fiz uma coisa desta!
PEDRO BARROS - (cada vez mais irritado) Eu não sei de nada. Alguém tentou matá minha filha e eu não tenho outro inimigo que não seja você e toda sua raça!
Lara investiu contra o pai, sentindo-se envergonhada diante da inverdade e das acusações mentirosas assacadas contra o jovem garimpeiro.
MARIA DE LARA - Papai... o seu João tá dizendo que seria incapaz...
PEDRO BARROS - (corta) Voce não se mêta! Não te chamei aqui. Vai pra dentro!
Antes que a moça se decidisse pelo acato ás ordens do pai, João entregou-lhe uma pequenina pedra faiscante.
JOÃO - Pra senhora. De presente.
PEDRO BARROS - (dando um tapa na mão da moça) Ela não precisa disso...
O diamante caiu no chão, a alguns metros dali. Lara apanhou-o e saiu correndo para o interior da casa.
JOÃO - (encarou o velho milionário) Minha visita... era só pra dizê pro senhô... que o que tá fazeno com os garimpeiro não vai lhe ajudá em nada.
PEDRO BARROS - Sei o que tou fazendo!
JOÃO - Aumentou o preço da compra do diamante e tá forneceno mantimento de graça. Será que acha que é suficiente pra dá um cargo honesto pra um assassino?
O velho enfureceu-se e, com o rosto avermelhado, atirou um dedo escuro de nicotina diante da cara do rapaz.
PEDRO BARROS - Cuidado com o que diz, João! Juca é um puro!
O moço sorriu da definição do coronel: “Um puro”!
JOÃO - Vim lhe dizê... que aquele malfeitô, o seu jagunço... não vai conseguir o que qué.
PEDRO BARROS - É um desafio, João?
JOÃO - É. É um desafio. Dou a minha palavra que não vai!
As bochechas de Pedro Barros inflamaram-se com a ira que o consumia. Controlou-se, antes de retrucar á ameaça do inimigo.
PEDRO BARROS - Eu aceito. A gente vai vê!
João virou as costas, partindo a passos rápidos.
PEDRO BARROS - (gritou para o jagunço vigia) Olha aqui, Oto... se voce deixá este sujeito passá desse portão novamente... está despedido.
FIM CAPÍTULO 26
Maria de Lara (Glória Menezes) e Dalva (Mírian Pires)
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
O PROMOTOR RODRIGO, DESCONFIADO, PEDE A SINHANA QUE REVELE TUDO O QUE SABE SOBRE A MORTE DA ESPÔSA DO DR. MACIEL.
RODRIGO AVISA A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 27 DE IRMÃOS CORAGEM
Nenhum comentário:
Postar um comentário