quarta-feira, 13 de abril de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 29


Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 29

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO

DUDA

HERNANI

REPÓRTER

JOÃO

JERÔNIMO

CEMA

LOURENÇO

MARIA DE LARA

DALVA

RODRIGO

CENA 1 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.

Hernani mostrava os jornais ao jogador e o destaque da manchete de ponta a ponta – DUDA NO CORÍNTIANS.


DUDA - É... esses caras da imprensa fazem uma fofoca desgraçada. Eu nem falei ainda com o diretor do Coríntians.

HERNANI - Onde há fumaça há fogo...

DUDA - Vamos esperar mais um pouco. Quem sabe se no fim o Flamengo dá o que eu pedi? Você viu que no último jogo a torcida só gritava o meu nome. E cartaz pesa pra burro!

HERNANI - (concordou) Pode ser que a pressão da torcida faça o Flamengo entregar os pontos. Mas, se eu fosse você, topava logo a parada, não perdia tempo. O dinheiro das luvas já dá para um bom pé-de-meia...

DUDA - Vida de jogador é assim, Hernani. Ás vezes o coração pede um time, mas a necessidade o leva para outro. A torcida não entende nem perdoa isso...

CORTA PARA:

CENA 2 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.


Com o lápis correndo pelo bloco de papel, o repórter anotava as declarações de João Coragem. A notícia correra célere por todo o Estado. Em Coroado fora achado o maior diamante
do mundo.

REPÓRTER - Então... pràticamente, o senhor está bilionário!

JOÃO - Eu sei lá, seu moço! Vai dá um dinheirão, isso eu sei que vai!

REPÓRTER - Pretende vender a pedra aqui mesmo, em Coroado?

JOÃO - Vou vendê na cidade grande. Já tenho plano pra viajá, levando a pedra.

REPÓRTER - Por que não vende aqui mesmo?

JOÃO - Porque aqui, a gente não pode fazê preço. Compradô só tem um... e eu num quero vendê pra ele.

REPÓRTER - (mudou de tom, preparando a pergunta) Dizem que, quando uma pedra deste valor é encontrada, o comum é se fazer mistério em torno do achado. Mas com o senhor aconteceu o contrário. É o que se diz na cidade.

JOÃO - (meio atrapalhado, corando excessivamente) É... eu acho que eu e meu irmão... a gente exagerou... pela alegria... pela vontade que a gente tinha de encontrá. A gente num devia de tê feito aquilo, né?

REPÓRTER - Acha que sua segurança corre perigo... ou melhor, que alguém será capaz de tentar roubar o diamante?

JOÃO - (coçou a cabeça, intrigado) Tudo é possível, moço. Mas eu confio muito na minha gente... não vão fazê isso comigo, não.

O jornalista deu um passo e olhou pela janela e apontou para o exterior.

REPÓRTER - Se confia tanto... por que aquele moço ali, de tocaia, armado?

Jerônimo podia ser visto, atento, sentado sobre uma tora de madeira.

JOÃO - É meu irmão. Ele ta ali porque nós temo inimigo forte. E ele tá preparano um golpe. A gente espera tudo. Mas tamo preparado.

O jornalista insistiu, descobrindo o filão da reportagem. Poderia estar ali a grande manchete.

REPÓRTER - Pode dizer o nome do seu inimigo?

JOÃO - Não. Eu num quero provocá ninguém. Tudo pode acontecê. Até dele mudá. A gente tá só prevenido.

REPÓRTER - Mas... uma foto sua com o diamante você permite, não? Bota a pedra bem na frente, pra destacar.

O modesto rapaz olhou para a família.

JOÃO - Num há mal deu chamá a índia, mãe, pai...

REPÓRTER - (sorridente) Não. Chama todo mundo. Vai sair a turma toda na primeira página.

CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.

Lourenço barrava a entrada de Cema e Jerônimo com rispidez, girando ameaçadoramente a arma na direção dos dois.

LOURENÇO - Calma, mocinho, calma! O que quer aqui?

JERÔNIMO - (decidido) Onde está o Braz Canoeiro?

LOURENÇO - Deve está na casa dele.

CEMA - Se tivesse eu não tinha vindo aqui. Sou a mulhé dele e você bem sabe.

LOURENÇO - (remendou a mentira) Foi posto em liberdade, agora mesmo.

JERÔNIMO - (com altivez) Por que? Ele tava preso?

LOURENÇO - Preso... preso, não. ( embaraçado) Estava só sob os cuidados do meu patrão. Foi muito bem tratado, até. Posso garantir.

JERÔNIMO - Eu compreendo! Braz tava com João quando ele achô o diamante. Com certeza ocês quer que Braz traia ele...

LOURENÇO - Não... nada disso. Meu patrão queria convencê o negro a reclamá seus direito.

JERÔNIMO - Que direito?

LOURENÇO - Da pedra. Se Braz ajudou a cavá, também é dono dela!

CEMA - (com aspereza) Quem achô foi João. E a mina é dele. Braz não tem direito a nada.

LOURENÇO - (insistiu, irônico) Eu acho que o próprio Braz já num pensa assim...

O diálogo foi cortado pela voz macia de Maria de Lara. Ela ouvira o bastante para se inteirar de tudo. Dirigiu-se ao jovem Coragem.

MARIA DE LARA - Um momento... Diga ao seu irmão... que fiquei satisfeita em saber... que ele encontrou o diamante.

Dos olhos de Jerônimo pareciam saltar chispas de ódio. Sem responder á moça virou as costas e retirou-se apressado.

CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA

DALVA - (exaltada) Esse João Coragem é parte de uma minoria de sub-gente. Pobre, sem educação, rude!

MARIA DE LARA - (nervosa ante o ataque da tia ao jovem Coragem) Quer saber, tia Dalva? Eu não admito as atitudes desleais tomadas pelo meu pai contra esse rapaz!

DALVA - Você defende esse ignorante com todas as forças! Isso é um absurdo!

MARIA DE LARA - Me deixe em paz, tia Dalva! Vá embora, me deixe em paz!

De repente a dor de cabeça. Como se um estilete estivesse cortando-lhe os miolos. Dor fina, penetrante. Lara ajoelhou-se e apertou a cabeça entre as mãos. Durante alguns segundos isolou-se do mundo. Ela e sua dor terrível. Levantou-se, pouco depois e se postou diante do espelho, ignorando a presença da tia. Ajeitou os cabelos e gargalhou, dançando alegremente pelo quarto. A tia observava, espantada, a transformação ocorrida na moça.

DALVA - Lara... você está bem?

MARIA DE LARA - (zombeteira) Melhor do que nunca, coroa!

DALVA - (baixando o tom de voz) Lara! Você nunca me falou assim!

MARIA DE LARA - É... eu nunca tive coragem de lhe dizer umas verdades. E tenho muita coisa a lhe dizer. Mas, fica pra depois. Agora estou muito apressada...

DALVA - Aonde você pensa que vai?

MARIA DE LARA - Aonde eu penso? (tornou a gargalhar com zombaria) Desguia, coroa. Veja se não me enche! Vai pro diabo!

Bateu a porta com força e desceu as escadas bamboleando o corpo em direção ao jardim.

CORTA PARA:


CENA 5 - COROADO - CASA NA FLORESTA - INT. - DIA.


Sapatos e roupas atirados pelo chão e sobre a mesa tosca davam um aspecto de desleixo ás ruínas da casa abandonada da floresta. Lara entrou saltitante. Abriu o velho baú e retirou as vestes desbotadas pelo tempo. Despiu-se e vestiu a saia rodada de cor berrante, já conhecida dos bares de Coroado. Rodou a bolsinha no indicador, deu uns retoque no cabelo abundante e saiu bamboleante, estrada a fora. Diana voltava a aparecer.

CENA 6 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.


Manhã cedo, com o sol recém-saído, Rodrigo já se encontrava na casa humilde dos irmãos Coragem, expondo a Jerônimo os últimos acontecimentos de Coroado.

RODRIGO - ... fugiu. O Dr. Maciel fugiu! Mas já providenciei gente pra sair á cata do homem. Pode crer... isso não vai impedir que eu peça prisão preventiva para Juca Cipó.

O jovem ensaboava o rosto, atento ás palavras do promotor. Ultimava a higiene matinal.

JERÔNIMO - Pedro Barros já sabe disso?

RODRIGO - Não. Estou fazendo as coisas em sigilo.

JERÔNIMO - Mas não é segredo que ele está tentando, por todos os meios, roubá do meu irmão os direito da pedra.

RODRIGO - Também sei disto. (sentando-se na beirada da cama) Mas, com a prisão do Juca, ele vai acabar se esquecendo da pedra que João achou.

O jovem acabara de lavar o rosto e vestia as calças desbotadas da faina diária.

JERÔNIMO - Ele e o capacho do Falcão tão examinando no cartório os livro de escritura, pra vê se acha um jeito de interditá a mina da gente...

Rodrigo abriu o paletó e desabotoou a camisa.

RODRIGO - Aquele local pertence a vocês... não há o que temer. Andei vendo os papéis.

Um lampejo de tristeza velou os olhos do garimpeiro. Alguma revelação desagradável, talvez. Jerônimo baixou o olhar, antes de fazer novas considerações.

JERÕNIMO - Não sei como dizê pro João... que até o Braz Canoeiro traiu ele...

A notícia abalou o jovem promotor, obrigando-o a erguer-se como que impelido por uma mola.

RODRIGO - Traiu?

JERÔNIMO - Eu acho que traiu. Braz se escondeu de mim. Se escondeu até de Cema, a mulhé dele. Tá com culpa na consciência, ora se tá!

FIM DO CAPÍTULO 29


... E NO PRÓXIMO CAPÍTULO

# JOÃO FAZ PLANOS PARA O FUTURO E VAI Á CIDADE COM A FAMÍLIA TIRAR FOTOGRAFIA E FAZER EMPRÉSTIMO NO BANCO.

# PEDRO BARROS ORDENA AO DELEGADO FALCÃO QUE DIGA AOS CORAGEM QUE A ESCRITURA DE SUAS TERRAS É FALSA, QUE INTERDITE A MINA DE DIAMANTES E OBRIGUE JOÃO A
ENTREGAR A PEDRA.

# CONSEGUIRÁ O CORONEL SEU INTENTO?


NÃO PERCA O CAPÍTULO 30 DE IRMÃOS CORAGEM!!!

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