quarta-feira, 30 de março de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 23



Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 23

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DUDA
RITINHA
MÉDICO
SINHANA
JERÕNIMO
JUCA CIPÓ
JOÃO
PEDRO BARROS
DELEGADO FALCÃO


CENA 1 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.

DUDA - Ela está mal, doutor?

Guardando o aparelho de pressão na maleta, o médico sorriu, dando um tapinha nas costas do rapaz.

MÉDICO - Absolutamente... tudo isto é natural no estado dela.

DUDA - Estado! Que estado?

Ritinha escondia o rosto, envergonhada.

MÉDICO - Há quanto tempo estão casados?

DUDA - Um mês e pouco, né, Ritinha?

Por entre a proteção dos travesseiros, Ritinha fez que sim com a cabeça.

MÉDICO - Pois é... Ela deve estar grávida.

DUDA - (atônito) Gra... grávida!

MÉDICO - Parabéns! O bom é assim. Deixar vir os filhos logo no início de casados. (Levantando-se, avisou Ritinha) Qualquer coisa, pode me telefonar. (E para Duda) Dentro de alguns dias ela deverá ir ao meu consultório para iniciarmos os exames pré-natais.

CENA 2 - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.

Jerônimo fechou a porta. Sinhana acabara de chegar, esbaforida, pelas sucessivas aventuras no vaivém do elevador.

SINHANA - Diabo! Sê obrigada a entrá naquela joça! Quase que eu perco o ar, lá dentro!

Jerônimo suspirou, tranqüilizado com o regresso da mãe. Vivera instantes de preocupação ante a ausência de Sinhana. Ninguém sabia dizer onde fôra a velha, nem o porquê de tanta demora.

JERÔNIMO - Por onde andou, mãe?

Ignorando a pergunta do filho, Sinhana dirigiu-se a Duda, que se sentara sobre o tapete de feltro.

SINHANA - Olha aí, filho. Fui desmascarar aquela tipa que dizia que ia sê mãe de um filho teu...

DUDA - (ergueu-se como se movido a jato) Qual foi a bobagem que a senhora andou fazendo?

SINHANA - (recriminando-o) Bobagem! Bobagem! Bôbo é você! Pois eu fui lá e fiquei sabendo que ela tá te enganando!

DUDA - O quê? A senhora obrigou ela a dizer isso?

SINHANA - Obriguei, nada. A empregada dela pensou que eu era mãe de uma moça que ia dá uma criança... pra ela te enganá, seu bobalhão! E me deu todo... como é mesmo? Ah... o “serviço”!

DUDA - (absolutamente incrédulo) A senhora está brincando!

JERÔNIMO - Mãe não é disso! Acredita nas palavras dela e não se arrepende, irmão! E vamo acabá logo com essa conversa que tá na hora da gente picá a mula...

Incontinenti, abriu a porta do quarto da cunhada.

JERÔNIMO - Ritinha, tá na hora. Vem ou não vem?

Agarrado á mãe, Eduardo procurava confirmação.

DUDA - Mãe, essa história é pra valer? A senhora descobriu isso mesmo? Não é engano seu?

SINHANA - Engano... engano ia sê o seu, bôbo. Precisa abri os olho com essa mulhé sabida, filho. (Afagou, carinhosamente, a cabeça do rapaz).

Ritinha apareceu com a maleta na mão, vestido simples, de chita, em padrão florido.

RITINHA - Estou pronta. A gente pode ir.

Duda correu a abraçá-la. Instintivamente, a moça recuou, procurando a proteção de Jerônimo.

CENA 3 - APARTAMENTO DE DUDA - QUARTO - INT. - DIA.

Fôra tudo repentino. E a própria Sinhana optou pela reconsideração. Ritinha acabou ficando, para alegria do marido. E agora, meio desajeitado, mas ansioso para mostrar suas aptidões domésticas, Duda levava uma xícara de chá á esposa deitada.

DUDA - Olha, fui eu que fiz. Mãe me ensinou. Não sei se acertei a fazer o chá pra você... (Sentou-se á beira da cama com a xícara na mão).

RITINHA - (ressentida) Obrigada. Não quero dar trabalho.

Duda colocou a xícara na mesinha de cabeceira e pegou na mão da esposa.

DUDA - Vou te arranjar uma empregada. Estou ganhando uma nota, Rita. Ontem, enchi meus bolsos de grana. Fiz 3 gols! Mandei brasa! Você tem que esnobar como esposa do grande Duda!

RITINHA - (revoltada) É... eu compreendo. Você tem mania de grandeza. Por isso tem duas mulheres. É o grande Duda. Tem direito a isso.

DUDA - Não fala bobagem. Não te disse que agora as coisas vão ser diferentes? A sujeita me tapeou. E ninguém ilude o Duda, não! Ah, essa não!

Ritinha, menos enfurecida, aceitou o diálogo.

RITINHA - Afinal... ficou mesmo provado que ela estava mentindo?

DUDA - Peguei Hernani no pulo. O safado deu mil desculpas... “é, eu estava contra, mas sabe... ela é minha irmã, etc., etc.”. (Mudando de tom) Hernani é boa praça, não quero mal a ele. E toma conta dos meus negócios direitinho. A irmã dele... não quero ouvir mais o nome dela.

Passara a raiva e Ritinha era toda ternura.

RITINHA - Jura, Eduardo?

DUDA - É preciso, amor?

CENA 4 - COROADO - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - DIA.

Pedro Barros acabara de ser informado que dois homens desejam falar-lhe.

PEDRO BARROS - Quem são?

JUCA CIPÓ - O promotor e João Coragem.

O coronel levantou-se de um salto e Juca Cipó automáticamente levou a mão á cintura quando João Coragem e o promotor entraram.

JOÃO - Me dá sua arma, Juca!

JUCA CIPÓ - Espera lá... dá minha arma... por quê? Qual é sua autoridade aí nesse caso, João Corage?

RODRIGO - (severo) Eu sou a autoridade!

JUCA CIPÓ - É não!

RODRIGO - (controlou-se) Será que tenho que explicar tudo de novo?

Juca não se deu por vencido e, atrevidamente, tornou a fustigar o promotor.

JUCA CIPÓ - Autoridade que eu conheço é só o seu douto delegado. E esse ficô satisfeito com as pergunta que me fez. (Voltou-se para Pedro Barros que ouvia calado) Não é mesmo, meu patrão?

O coronel, num gesto rápido, contrariou a convicção do jagunço.

PEDRO BARROS - Não, Juca... infelizmente... temos de reconhecer a autoridade do seu doutor promotor. (Visivelmente irritado, voltou-se para Rodrigo) Mas, eu lhe digo, o senhor não precisava vir até minha casa. E veio muito mal acompanhado. Me admira como há certa gente... que tem valentia de voltar na minha casa, depois de daqui ter sido expulso!

Virou as costas para os rapazes.

JOÃO - Eu vim não foi pra mostrá valentia, não. Vim pra ajudá o seu douto a cumprir o dever.

PEDRO BARROS - (gesticulou, ordenando irritado) Juca, entrega logo essa arma preles. Acaba com essa história.

JUCA CIPÓ - -Mas... meu patrão... isso é um desaforo!

PEDRO BARROS - (categórico) Prova logo sua inocência, homem. E deixa de coisa!

A contragosto, Juca atirou os revólveres sobre a mesa, voltando as costas ao promotor.

RODRIGO - Vou mandar examinar.

Com o dedo em riste, Pedro Barros apontou a porta da rua. Grossas veias sobressaíam de suas frontes.

PEDRO BARROS - Já chega! Aquela é a saída. Façam o favor...

CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - DIA.

Com um sorriso zombeteiro, Juca Cipó aproximou-se do patrão, alisando a coronha de um revólver. Ao longe, pela vidraça da janela, via os cavalos afastarem-se em galope cadenciado.
A poeira subindo desenhava no ar cogumelos barrentos.

JUCA CIPÓ - (sorria) Patrão... esta é a minha arma verdadeira.

Barros fitou a pistola grosseira.

PEDRO BARROS - É bom não ficar dizendo isso aí pelos cantos. Devia ter dado fim a ela.

JUCA CIPÓ - (apertando o revólver contra o peito, em atitude de ternura) Que nada! É a minha arma do coração...

Falcão entrou sem avisar, deparando com a cena inusitada. Deu alguns passos para o interior da sala.

PEDRO BARROS - Entre, delegado.

DELEGADO FALCÃO - Boa tarde! (depois de curta pausa, comentou) Encontrei aí fora o João Coragem.

PEDRO BARROS - É. O sem-vergonha se atreveu a voltar a esta casa.

DELEGADO FALCÃO - Que foi que ele veio fazer?

PEDRO BARROS - Veio com o promotor... Bobageira!

DELEGADO FALCÃO - Estão propalando pelos quatro cantos da cidade que vão desmascarar a todos nós.

Juca Cipó, com risinhos histéricos, insistiu no contrário, batendo com o pé no chão.

JUCA CIPÓ - Vai, não! Prova contra nós é que eles não tem. Só a língua, a infâmia.

DELEGADO FALCÃO - Estou sinceramente preocupado. Temos que nos calçar bem, numa defesa convincente. Caso contrário... não vai ser sopa enrolar o promotor.


FIM DO CAPÍTULO 23



E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

- TENTANDO DESPERTAR OS CIÚMES DE JERÔNIMO, POTIRA SE INSINUA E DIZ QUE O PROMOTOR A BEIJOU NA BOCA.

- JERÔNIMO E RODRIGO DECIDEM DESMASCARAR A FAMÍLIA DE PEDRO BARROS.

- JOÃO E JERÕNIMO DUSCUTEM.


NÃO PERCA O CAPÍTULO 24 DE IRMÃOS CORAGEM!!!


Nenhum comentário:

Postar um comentário