quinta-feira, 17 de março de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 19

Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 19

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

ESTELA
DALVA
PEDRO BARROS
JOÃO
MARIA DE LARA
PADRE BENTO

CENA 1 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.

Dalva jogara-se sobre a cama de Lara, enquanto Estela exigia uma explicação.

ESTELA - Desde quando isso acontece?

DALVA - Certa vez, no Rio, ela se aborreceu com Artur, que a repreendeu severamente por ter arranjado um namorado. Logo após, queixou-se de violenta dor de cabeça. Inexplicavelmente, desapareceu de casa, durante dois dias. Não sabemos até hoje o que foi que lhe aconteceu. Nós a procuramos desesperadamente por toda a cidade.

ESTELA - Onde a encontraram?

DALVA - Ela voltou... sozinha – atordoada... Quando eu me lembro! Estava muito abatida... cansada, e não se recordava de nada que lhe havia acontecido. Para ela... não havia noção de tempo... me entende?

ESTELA - Sim.

DALVA - Dois dias, não se passaram na vida dela. Disse que despertou num local completamente estranho... de manhã, num bar aonde nunca tinha ido. Tomou um táxi e mandou tocar para casa. No entanto, estava vestida de forma diferente... ela não conhecia aquelas roupas. Nós a levamos ao hospital.

ESTELA - E os médicos, o que disseram?

DALVA - Deram o fato como um ataque de amnésia.

ESTELA - As crises voltaram?

DALVA - Não... não tão fortes... Apenas, ás vezes, uma forte dor de cabeça. Nunca mais tive sossego e, quando me telefonou daqui, revelando que voltara a sentir o mesmo mal-estar, fiquei assustada. E, realmente... aqui... tudo voltou.

ESTELA - (preocupada) E o que aconteceu durante essas crises?

DALVA - Não sei! Não tenho certeza!

ESTELA - Será que durante as crises... ela faz coisas... enfim, ela se transforma?

DALVA - Não, não Eu quero acreditar que não! Isto não pode acontecer com a minha Lara! ( chorava desesperadamente) Eu não a imagino capaz de fazer certas coisas.

ESTELA - (dissimulava o nervosismo) Não se trata do que ela é capaz de fazer.

DALVA - Como não, Estela? Eu prefiro morrer... a saber que Lara... se transforma numa mulher... dessa espécie.

ESTELA - Ora, lá vem você com seus preconceitos! O que me apavora, não é isso...

DALVA - O que é, Estela?

ESTELA - É a maneira como Pedro vai receber o fato. Ele não receberá com os seus escrúpulos, nem com a minha tolerância. Se for verdade que ela é aquela mulher... a outra, será capaz de matá-la. Eu tenho quase a certeza de que estamos diante de um caso fantástico. Como? Por que isto acontece? De que maneira? Eu não entendo. Talvez um médico... especialista... ou um estudioso de fatos sobrenaturais...

A porta escancarou-se ante o pontapé violento de Pedro Barros, que entrou no recinto.

PEDRO BARROS - Cadê minha filha?

ESTELA - (amedrontada) Sua filha não está.

PEDRO BARROS - Cadê ela?

Estela e Dalva fitaram-se durante alguns segundos.

PEDRO BARROS - (insistiu, colérico) Cadê ela? Que mistério é esse?

ESTELA - Ela saiu... não faz muito tempo.

PEDRO BARROS - Como saiu? Eu lhe disse que queria lhe falar. Vou buscar ela, onde foi?

ESTELA - Deixe Pedro, eu e Dalva a traremos de volta. Vou mandar preparar o carro.

PEDRO BARROS - O que tá acontecendo com a minha filha?

DALVA - Nada, Pedro, nada... eu lhe garanto. Ela saiu... não faz muito tempo... e eu creio que... foi á igreja.

CORTA PARA:

CENA 2 - CHOUPANA DA FLORESTA - INT. - DIA.

A porta se abriu e João Coragem entrou com o Padre Bento. O sacerdote com a Bíblia entre as mãos, parou diante da imagem de Lara, ajoelhada, orando contritamente.

JOÃO - Aí está ela... como eu deixei... e não parece a mesma... de antes.

PADRE BENTO - (achegou-se, suavemente) Minha filha...

MARIA DE LARA - (levantou o rosto) Padre! (levantou-se e beijou-lhe as mãos) Que que está acontecendo comigo?

PADRE BENTO - Não sei... João foi me chamar... e está tão atordoado quanto você...

JOÃO - Eu pensei que ela nem esperasse a gente voltar.

PADRE BENTO - Que que está sentindo, minha filha?

MARIA DE LARA - Não sei como vim parar aqui... nem o que estava fazendo em companhia deste homem...

JOÃO - Ela não sabe, mas eu lembro, padre! Ou ela tá fingindo... ou... ou não existe explicação, padre.

João esforçava-se para contar a verdade, mas as palavras não se encaixavam dentro de sua vontade. Ele não sabia por onde começar.

JOÃO - Eu quero dizer que... que eu e você...

MARIA DE LARA - Sim, continue... que eu e o senhor... o quê? ( O padre ia falar. Lara interveio) Eu quero que ele diga. Diga a verdade, senhor João. Por favor... eu lhe dou liberdade de falar tudo o que tem contra mim...

JOÃO - Não é contra, moça... não é isso que eu quero lhe dizer.

MARIA DE LARA - Então o que é?

JOÃO - Que eu e você...

Lara fitava-o angustiadamente. João tentava contar a verdade. As palavras escapavam-lhe. A jovem insistia diante da presença tranqüilizadora do sacerdote.

JOÃO - Leva essa mulher logo embora daqui, padre!

MARIA DE LARA - Seu João... eu lhe peço desculpas. Pode ter a cer...

JOÃO - (cortou) Vai embora!

PADRE BENTO - Vá... vá, Lara... entre no meu carro e espere. Vou dar duas palavrinhas com João...

Depois que Lara deixou a pequena sala, o padre voltou a falar.

PADRE BENTO - João... voce fez muito bem em não dizer... tudo aquilo que me contou...

JOÃO - Eu tou ficando louco. Não entendo, padre. Que é que eu faço? Não entendo!

PADRE BENTO - Tenho certeza de que ela não está fingindo. E nem sei mesmo como é que uma criatura, como aquela moça, pode ter feito tudo aquilo que você me disse.

João encarou o padre, com decisão.

JOÃO - Ela é minha... minha mulher. Ela me pertence, padre! Me pertence!

PADRE BENTO - João, guarda isso só para você. Pelo amor de Deus, esqueça tudo aquilo que me contou. Eu ouvi como se fosse uma confissão. Juro que de mim não sairá uma única palavra.

JOÃO - (esmurrou a parede) Diabo! Diabo! Por que isto tinha de acontecer comigo. Logo comigo?

Padre Bento retirou o terço do bolso, abriu a Bíblia. Entregou-os ao rapaz.

PADRE BENTO - Você tem de jurar sobre esta cruz, João. Jure que só eu e você... teremos conhecimento... do que houve entre você e aquela pobre moça.

João segurou a cruz, comprimiu-a entre as mãos potentes. Beijou a imagem de Cristo.

JOÃO - Eu juro, padre. Juro sobre a cruz de Cristo!


FIM DO CAPÍTULO 19
NÃO PERCA O CAPÍTULO 20 DE IRMÃOS CORAGEM!!!

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