segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 10

Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair


CAPÍTULO 10


CENA 1 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.

O casamento acabara. A igreja voltava a agitar-se. Gente á procura da saída; gente á procura do altar.

DUDA - (movimentava-se nervosamente) Acho que a gente pode ir andando, não?

SINHANA - Tudo vai dar certo, filho. Te alegra também!

PADRE BENTO - Faltam os cumprimentos...

DUDA - Nós temos pressa.

DR. MACIEL - (dirigindo-se para o altar) Mas eu tenho que abraçar minha filha.

RITINHA - (escondendo o rosto entre as mãos) Que Deus me perdoe, mas eu desconheço esse homem.

E tomando as mãos do marido entre as suas, afastou-se célere do local. Maciel sentou-se no banco da primeira fila. Feições abatidas, inteiramente tomado pelo desconforto.

CORTA PARA:

CENA 2 - RANCHO CORAGEM - INT. - NOITE.


Eduardo discutia com os irmãos durante o jantar.

DUDA - ... veio tudo em cima de mim. Todas as responsabilidades. A honra, a moral da família. Tudo! Até a segurança de vocês. Rodrigo me chamou e me pôs todas essas coisas sobre os ombros. Eu não tinha saída.

Rita não suportou. Levantou-se transtornada pela raiva.

RITINHA - Pois eu te desobrigo, ta ouvindo? Eu te desobrigo! Pode anular a porcaria desse casamento. Ainda está em tempo.

O desespero assumia proporções a cada palavra.

RITINHA - Se você estava com medo dos tiros dos jagunços de Pedro Barros, agora não há o que temer. Você fingiu que estava casado. Pode anular o casamento. Pode ir embora de Coroado em paz!

Duda sentiu a revolta interior.

DUDA - Não me casei com você com medo dos tiros dos jagunços.

RITINHA - Casou, sim. Casou por medo. Você é covarde! É covarde!

Saiu correndo para o quarto, ante os olhares espantados da família reunida. A forte pancada da porta que se fechava, abalou o silencio que tomara conta do ambiente.

CORTA PARA:

CENA 3 - RANCHO CORAGEM - QUARTO DE DUDA - INT. - NOITE.

Eduardo entrou no quarto com expressão feroz.

DUDA - Isto aqui é seu. Domingas está aí. Trouxe isto. É toda a roupa que você vai levar.

RITINHA - (voltou-se sobressaltada) Levar pra onde?

DUDA - Pra cidade, ora! Você não vai comigo?

RITINHA - Eduardo... o que é que você pretende de mim? Seja franco. O que é que você vai fazer comigo?

Duda sentou-se na cama, nervoso, atordoado com os acontecimentos das últimas horas.

DUDA - Sei lá, Rita. Sei lá.

RITINHA - Acha... que nunca... nunca vai poder gostar de mim?

DUDA - Não gosto, nem deixo de gostar... Oh, Ritinha, se você soubesse. São tantos os problemas... Se você soubesse...

Rita abraçou-o repentinamente, impelida pelos sentimentos que não podia controlar.

RITINHA - Eduardo... Eduardo, me de uma leve esperança! Diga que você vai fazer tudo pra gostar de mim. Olhe, eu vou ser boazinha pra você, vou ser paciente, vou ser tudo, tudo o que você quiser. Mas, diga que vai se esforçar. Diga, por favor, Eduardo!

O rapaz sentiu o remorso invadir-lhe a alma, a consciência a recriminar-lhe as atitudes grosseiras contra a jovem, pura e boa, que como ele fôra envolvida no torvelinho dos acontecimentos.

DUDA - Está bem, eu vou me esforçar, Ritinha...

CORTA PARA:

CENA 4 - COROADO - ESTAÇÃO - EXT. - DIA.


Duda e Ritinha despedem-se de João, Jerônimo, Sinhana e Domingas, e são observados á distância por Maciel. Entram no trem, que parte, deixando a família com lágrimas nos olhos. A vida da cidadezinha voltava ao corriqueiro: desavenças pessoais, as lutas nos garimpos, o disse-me-disse das solteironas e o caso dos Coragens contra o banditismo de Pedro Barros.

CORTA PARA:

CENA 5 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.

Rodrigo visitava o rancho (gostava de admirar a beleza de Potira) e reservara algumas surpresas para João Coragem.

JERÔNIMO - Vamo, entra logo no assunto, Dr. Rodrigo.

RODRIGO - Fizemos uma descoberta sensacional.

JOÃO - Descobriro uma grupiara?

RODRIGO - Grupiara?

JOÃO - Lugar onde a gente acha diamante sem fuçá muito.

RODRIGO - Não, João. Não se trata de diamante. Eu estou falando da filha de Pedro Barros. Sabemos quem ela é.

O jovem Coragem estremeceu nos alicerces.

RODRIGO - (referia-se a Potira) Posso dizer na presença da mocinha?

JERÔNIMO - (ordenou) Sai, Potira.

RODRIGO - A filha de Pedro Barros é uma aventureira. Chegamos á conclusão de que ela gosta de se divertir á maneira de louca.

JERÔNIMO - Vi hoje a sem-vergonha, na casa dele. Reconheci ela. É a mesma que furtou a igreja, a mesma que você tirou da cadeia... a mesma que você levou pra casa do Braz pra Cema cuidar.

JOÃO - E o que tem isso? Que ela seja a mesma... ou outra?

RODRIGO - João, nós podemos usar isso como arma contra o pai dela. Não foi ele que obrigou o seu irmão a casar com Rita... para limpar a honra da cidade?

JOÃO - E ocêis acham que vou me aproveitar disso... pra lutar contra esse home?

JERÔNIMO - É a nossa oportunidade pra derrubar ele.

RODRIGO - Não é a arma que ele usa, João? A desmoralização? Ele está fazendo tudo contra nós. Isso é direito, João?

JOÃO - Acho melhor deixá a moça em paz. Eu... eu não tenho certeza de nada... se as duas... são uma só. Me entendem? É capaz de não ser... eu não sei, não entendo. E se não for? Com que cara a gente vai ficar?

CORTA PARA:

CENA 6 - IMAGENS DO RIO DE JANEIRO - EXT. - NOITE.


O mar, as montanhas, as duas capitais frente a frente, o mundo de edifícios subindo céu afora, os luminosos coloridos, o asfalto negro – tudo era motivo de admiração para a moça ingênua do interior. Ritinha estava deslumbrada com a beleza do Rio. O táxi parou diante do Hotel Glória. Ritinha se beliscava para admitir que existia
.

CORTA PARA

CENA 7 - RIO DE JANEIRO - HOTEL GLORIA - APARTAMENTO - INT. - NOITE.

DUDA - Está contente?

RITINHA - Radiante, Eduardo. Que coisa de louco! Nunca pensei que fosse assim...

DUDA - (abrindo a janela do apartamento) Veja, Rita.

RITINHA - Bacana, Eduardo! Tudo lindo! A cidade do Rio de Janeiro é uma beleza... Quantas luzes. Eduardo, vem ver!

DUDA - Ritinha, eu quero lhe dizer uma coisa. Escute: eu tenho um apartamento... quero dizer... eu e uns amigos. Você sabe... tem muitos solteiros no time... a gente alugou um apartamento, mas quem dá a maior parte sou eu. E agora eu vou tirar aquela cambada de lá.

RITINHA - Quando a gente vai?

DUDA - Eu vou agora. Você fica aqui e me espera.

RITINHA - Eduardo... nem bem a gente chegou. Eu pensei que... você...

DUDA - Eu sei o que você pensou.

Beijaram-se longamente.

DUDA - Espere, Ritinha. É por pouco tempo.

Há horas que Duda tinha deixado o apartamento do Hotel Glória. Ritinha continuava só, imersa em pensamentos que envolviam desde sua cidadezinha natal, longínqua, no interior, até a sua atual situação, casada, á espera do marido em um luxuoso hotel. Duda não retornava. Rita tomou uma decisão. Na portaria do hotel – pensou ela – deveriam ter o número do telefone particular do Duda. “Afinal, ele é um homem importante”. Acertara em cheio. Conheciam o telefone do “Duda do Flamengo”. Rita fez a ligação.

RITINHA - Alô, Eduardo! Sou eu, Ritinha.

Duda deu as explicações necessárias.

DUDA - Eu sei que hoje é a nossa noite de núpcias, mas eu tenho que me concentrar. Descobriram minha volta... É. Azar. O que é que a gente pode fazer. Eu não te avisei que era duro? Olha, toma nota do endereço do meu apartamento. Você pega um carro e vem direto pra cá.

RITINHA - Mas, Eduardo, eu não conheço nada do Rio. Nem sei como tomar um carro. Posso me perder. Você não pode vir me buscar?

DUDA - Não tenho tempo, Ritinha. Olha, mando a mulher do Neca te pegar aí. Você espera ela. É uma moça muito simpática, alegre. É a Carmen, cantora. Legal ás pampas.

RITINHA - Tá bem, Eduardo, se não tem outro jeito... E quando é que eu te vejo? Só domingo á noite? Tá. Hoje ainda é quinta.

CORTA PARA:

CENA 8 - COROADO - CASA DE BRAZ CANOEIRO - INT. - DIA.


Cema cumpriu a palavra empenhada a Diana. Mandou chamar João no garimpo. Há algumas horas a bela mulher aparecera no casebre do Braz, trazida de algum lugar por um garimpeiro das redondezas. E agora, dava um autêntico show, dançando ao som de uma radiola que trouxera.


CENA 9 - CASA DE BRAZ CANOEIRO - SEQUENCIA - EXT. - DIA.

João estava chegando, quando Cema correu até o portão.

CEMA - Achei melhor a gente conversar aqui.

JOÃO - (impaciente) Cadê ela, Cema? Cê não disse que aquela doida estava aqui?

CEMA - Está, Jão. Agora foi no rio. Tá tomano banho. Jão, eu acho que ela não regula da bola, não. Botou isso aí...

Cema mostrou a vitrola de Diana.

CEMA - Tocou alto que não era vida. Umas musgas maluca. Ela se rebolava e dançava de um jeito... Jão, essa mulher não é procê, não.

JOÃO - Por que, Cema?

CEMA - Porque vai te trazer muito sofrimento.

JOÃO - E que é que eu posso fazer, Cema... se já tou meio maluco prela.

CORTA PARA:

CENA 10 - RIACHO - EXT. - DIA

João correu para o riacho. A moça estava acabando de se vestir. Os cabelos molhados, a pele ainda úmida. Avistou o garimpeiro.

DIANA - Ei, grandalhão! Vem cá!

João se aproximou, receoso. Ela deixou a margem do riacho e, puxando-o pelo braço, levou-o até perto das águas.

DIANA - Te esperei um tempão.

JOÃO - Tava no garimpo...

DIANA - Quase que eu fui lá.

JOÃO - Então, ocê resolveu voltar?

DIANA - Voltei pra você. Sou sua, não sou? Não quer aproveitar?

JOÃO - Aproveitar?

DIANA - Homem não gosta de mulher? Se estou dizendo que sou sua... você pode fazer de mim o que quiser. A não ser que não me queira mais. Aí é outro caso. Eu pego meus trapinhos e vou assentar praça noutro lugar.

João não resistiu á tentação da mulher diabólica. As águas corriam molemente, os pássaros cantavam e o mundo sempre a girar, a girar.

FIM DO CAPÍTULO 10

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2 comentários:

  1. muito boa a webnovela, continue sempre, eu sempre divulgo como posso, sei como é dificil a divulgação, use os meios de comunicação, orkut e etc que melhora ainda mais a visitação, é boa a webnovela, demais, e no meu pc não aparece mais atualizações da pagina oficial do TN, a ultima é que a record sofre baixa nos eu casting, pq será?

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  2. achei essa novela completa para download em um blog c alguem c interessar me mande um email que eu dou o link
    meu email é andrewilliamrossidasilva@yahoo.com.br

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