quarta-feira, 18 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 43



classificação



Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 43

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

SINHANA
JOÃO
JERÔNIMO
POTIRA
DR. MACIEL
DOMINGAS
MARIA DE LARA
RITINHA
DUDA

CENA 1 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.

Enlameados e com a pele curtida pelo sol, João e Jerônimo entraram céleres pela porta a dentro. A voz firme de Sinhana obrigou-os a parar.

SINHANA - Recebero o recado no garimpo? Pedro Barros mandou cê ir na casa do Doutô Maciel, pra se encontrá com sua mulhé...

No rosto do garimpeiro transpareceu a surpresa que lhe provocara a notícia.

JOÃO - Isso é verdade, mãe?

SINHANA - Verdade. Os home sairo daqui agorica mesmo.

Os olhos dos irmãos fixaram-se no rosto de Sinhana á espera de mais novidades. Entreolharam-se, logo após, espantados.

JERÔNIMO - Que será que tá acontecendo? Essa mudança de repente...

Algo de perigoso devia haver por trás do gesto amigo do coronel.

JOÃO - Uai... um hôme pode se arrependê dos seus erro. Pode ser que ele aprendeu ou tá começando a aprendê a lição que a gente tá dando nele.

JERÔNIMO - Hoje á tarde foi me propor um negócio sujo... de noite muda de idéia e deixa você ver sua mulher... sei não. Me parece esquisito! Cê toma cuidado, mano!

SINHANA - Eu quero ir com cê. Há mais de uma semana tenho tentado falar com Ritinha e o pai dela não me deixa nem me aproximar da casa dele.

Com expressão alegre, João Coragem dirigiu-se ao quarto. Com as mãos nas cadeiras, Sinhana balançava a cabeça, diante da transformação do filho.

JOÃO - Se apressa, mãe. Vamo! Cadê aquela camisa de sêda que eu comprei? E o perfume? Vou ter que ir bem arrumado... ver minha mulhé.

Jerônimo sorriu, discretamente, envolvido pelo contagiante entusiasmo do irmão.

JOÃO - (off) Minha mulhé! Não tem inveja, Jerônimo? Cê não tem mulhé. Precisa arranjá uma, home!

CORTA PARA:

CENA 2 - CASA DO RANCHO CORAGEM - EXT. - DIA.

Enquanto lavava o rosto e o peito de fortes músculos, Jerônimo se dava conta de que alguém o observava. Era Potira.

POTIRA - O seu encelência já chegou? Por acaso já viu a Ritinha?

JERÔNIMO - (com rudeza) Num enche, Potira.

POTIRA - Tá muito importante, num tá? É o chefão dos garimpeiro... só faltava mesmo, ela. Cê num vai vê ela, também? Vai, vai contá a ela a tua prosa e dizê que é importante.

JERÔNIMO - (enfurecido) Olha, se continua com isso, eu te encho a cara!

POTIRA - Encelência de araque!

A índia correu, célere, para o interior da casa. Jerônimo, como uma fera raivosa, partira ao seu encontro.

JERÔNIMO - Índia dos diabos...

De longe continuava insultando o garimpeiro.

POTIRA - Num se envergonha? Cê num tem mulhé! Arranja uma, home! Arranja uma!

Por pouco o sabonete atirado com força pelo rapaz, não atingiu o peito da moça. Espatifou-se de encontro á pilastra atrás da qual ela se escondera, no último instante. Zombeteira, continuava a provocar o homem a quem amava.

POTIRA - Olha aí, seu bobo, num sou garimpeiro. Em mim cê num manda, encelência!

A gargalhada de Jerônimo pôs fim ao conflito amoroso. Era puro ciúme e criancice e, qualquer atitude séria, só poderia intensificar a ira ingênua da moça.

CORTA PARA:

CENA 3 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - NOITE.


Dr. Maciel andava de uma para o outro lado da sala, mãos ás costas, falando nervosamente.

DR. MACIEL - Que idéia bêsta foi essa de Pedro Barros combinar encontro da filha e João na minha casa!

Domingas explicou que o recado lhe fôra dado por Juca Cipó, a mando do coronel.

DR. MACIEL - Negar eu não posso. Tenho de aceitar o pedido dele... ou melhor, é uma ordem, não um pedido. Mas não vou ficar aqui pra ver a cara daquele safado. E ele é bem capaz de vir com aquela feiticeira da mãe dele...

Minutos depois Maria de Lara surgia. Modestamente vestida, como era de seu hábito. Parecia feliz.

DR. MACIEL - Entre, Dona Lara, entre. Esta casa é sua. Eu vou sair, mas minha filha e Domingas estão aí para atendê-la. Fique á vontade. Tenho que sair para atender um paciente...

Lara cumprimentou, cortêsmente, Domingas e Rita.

MARIA DE LARA - (surpresa) Não chegou ninguém... ainda?

DOMINGAS - (tranquilizou-a) Não, mas pode ficar sossegada. Ele não vai deixar de vir.

Ritinha dirigiu-se á recém-chegada em atitude amistosa:

RITINHA - É Lara? Que prazer! Queria muito conhecer você!

CORTA PARA :

CENA 4 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - NOITE.


João Coragem entrou, apreensivo, olhando cuidadosamente o ambiente. Viu Lara e Ritinha. Domingas lhe abriu a porta, sorridente. Dirigiu-se para as moças.

JOÃO - ...noite procêis!

Lara apertou-lhe as mãos, trêmula.

MARIA DE LARA - Como vai, João?

JOÃO - Tou bem. Satisfeito com este encontro. Que foi que deu no seu pai?

MARIA DE LARA - Acho que ele se apiedou de mim. Tenho sofrido muito.

João não acreditava no que ouvia.

JOÃO - (atônito) Por minha causa?

MARIA DE LARA - Por tudo. Eu me sinto bem com você. Você me transmite uma confiança que não tenho em ninguém. Uma segurança de que eu preciso como do ar que respiro.

O jovem apertou carinhosamente a mão que a moça lhe entregava. Beijou-a, com amor, e sentou-se a seu lado. Tudo lhe parecia irreal – as palavras de Lara, os gestos amorosos, a confidência sincera que esta lhe fizera.

JOÃO - É esquisito a gente tá conversano como dois namorado, com arreceio.

Ela sorriu ante as palavras ingênuas e erradas do marido. Rude, inculto, mas bom e honesto.

MARIA DE LARA - Foi ele mesmo quem mandou saber a data certa para o cumprimento do trato. Quer que você lhe diga quando vai poder me levar pra casa...

JOÃO - (incrédulo) Ele mesmo?

MARIA DE LARA - É. Para isso planejou este encontro.

O rapaz pensou, espalmando a mão sobre a fronte.

JOÃO - Bem... no dia trinta meu irmão vai tomá posse no cargo. No dia seguinte, logo cedo, eu penso em viajá pra cidade de Franca. É onde eu vou vendê meu diamante. Já entrei em contato com o comprador. Já tá todo mundo me esperano e vão me pagá um preço justo. (virando-se para a esposa) Quer ir comigo, Lara?

MARIA DE LARA - Eu te espero, João...

JOÃO - ... e quando eu voltá, cheio da nota... aí tudo vai depender do seu pai.

MARIA DE LARA - Depois disso eu quero ir logo viver com você. Não importa para onde você me leve, João. Não me deixe esperar muito. Eu lhe peço...

CORTA PARA:

CENA 5 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - EXT. - DIA.


Os freios rangeram na estrada poeirenta, dianta da casa do Dr. Maciel. Duda estacionou o carro e se lançou, apressado, para o interior da residencia. Durante a viagem refletira longamente, e a conclusão era uma só: tinha de levar Ritinha de volta e reorganizar sua vida, fugir aos excessos de outros tempos, arrancar Paula de sua existência e dedicar as horas disponíveis ao carinho e amor que sua esposa tão lealmente procurava dar-lhe. Amava Ritinha, esta era a verdade. E nem mesmo as homenagens que o Flamengo lhe prestaria e todo o dinheiro acenado com a propaganda comercial foram obstáculos á decisão de voltar a Coroado. Agora, frente a frente com a mulher, usaria de franqueza. Não poderia viver distante dela por mais tempo.


CORTA PARA:

CENA 6 - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - DIA.


Domingas estava só.


DOMINGAS - Ela deve estar no cemitério, Duda. Vai todos os dias visitar a campa da mãe e colocar flores sobre o túmulo.

Duda saiu, apressado.

CORTA PARA:


CENA 7 - COROADO - CEMITÉRIO - EXT. - DIA.

E realmente Ritinha lá se encontrava ao lado de Jerônimo. A possante buzina do automóvel chamou a atenção dos dois e a voz de Eduardo, brincalhona, deixou a moça paralisada.

DUDA - Tá querendo paquerar minha mulher, mano?

A camisa vermelha, com finas listras pretas, destacava-se no fundo claro do carro-esporte. Jerônimo sorriu, acenando para o irmão.

JERÔNIMO - Falando do diabo e... o diabo aparece.

A porta se abriu e Duda correu em direção á esposa. Não havia palavras, apenas o longo beijo poderia expressar o imenso amor que envolvia ambos. Jerônimo assistia a tudo, imperturbável.

JERÔNIMO - É. Eu acho que preciso arranjá uma mulhé!

CORTA PARA:

CENA 8 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.


JOÃO - Mas é verdade, mano? O Duda está na terra?

A notícia dada por Jerônimo deixou a família estupefata. Ninguém acreditava que o jovem estivesse de volta a Coroado. Sinhana, com um toque de despeito, voltou-se para o filho.

SINHANA - E por que o sem-vergonha não veio vê a gente?

JERÔNIMO - Primeiro a mulhé, mãe.

SINHANA - (sorriu, sem graça) É... filho depois que arranja mulhé... se esquece até da mãe. Fica que nem filho de chocadeira.

Sentindo a tristeza da mãe, Jerônimo deu um passo e abraçou-a amorosamente.

JERÔNIMO - Tão veno só que velha ciumenta!

Os risos acabaram por contagiar Sinhana e o vozeirão do filho pôs fim á sua contrariedade repentina.

JOÃO - Vamo, vamo buscá o Duda senão a mãe tem um troço!

FIM DO CAPÍTULO 43

Ritinha, Domingas e Maria de Lara


E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

JOÃO VAI Á CASA DO DR. MACIEL VER O IRMÃO E É EXPULSO PELO MÉDICO BÊBADO, PROVOCANDO A REVOLTA DE DUDA E RITINHA!
ESTELA ADVERTE LARA DE QUE O PAI ESTÁ PREPARANDO UM GOLPE CONTRA JOÃO.
DIANA DESAFIA PEDRO BARROS, E LHE DIZ TODAS AS VERDADES QUE LARA NÃO TERIA CORAGEM FALAR!



NÃO PERCA O CAPÍTULO 44 DE





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