quarta-feira, 11 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 40



classificação



Roteirizado por Antonio Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 40

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

JOÃO
JERÔNIMO
RODRIGO
POTIRA
RITINHA
PAULA
HERNANI
DUDA
DALVA
MARIA DE LARA
PADRE BENTO
ESTELA
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SEBASTIÃO
JAGUNÇOS
GARIMPEIROS

CENA 1 - RANCHO CORAGEM - QUARTO DE JOÃO - INT. - DIA.

João se preparava para a cerimônia de casamento, preocupado com as perspectivas de uma possível represália do coronel. O homem não sabia perder, e muito menos perdoar aos que o conseguiam superar. Jerônimo o ajudava a se vestir. Incomodava-o o nó apertado da gravata; o sapato pesava-lhe nos pés.

JOÃO - (convidou o irmão) Cê num vem, irmão?

JERÔNIMO - Só se for preciso.

JOÃO - Eu quero sua presença.

JERÔNIMO - Prefiro ficá com os home tocaiando a casa. Qualqué enguiço, eu entro na festa!

JOÃO - Assim não. Se ajeite bem e vem comigo...

JERôNIMO - Na casa de Pedro Barros? Não, eu tenho vergonha.

JOÃO - Isso é indireta?

JERôNIMO - Você tem seus motivo. Eu não tenho.

CORTA PARA:

CENA 2 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.


Rodrigo aparecia para oferecer sua ajuda e se despedir. Viajaria para o Rio no dia seguinte. Viera dar um abraço no amigo que casava e na mestiça que amava profundamente.


RODRIGO - Você me espera, índia. Vou e levo você no meu pensamento. É sua imagem a única recordação boa que levo daqui. Sua inocência, sua pureza me dão a esperança de que é possível uma vida melhor. Uma vida de que eu preciso, índia. Calma, simples, pura... pra compensar todo o ódio que guardo dentro de mim. (estreitou a noiva nos braços) Adeus, índia. Eu volto.

CORTA PARA:

CENA 3 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - TARDE.


RITINHA - Desde a manhã estou tentando uma ligação com Porto Alegre, moça. Será que vai demorar tanto assim? (fez uma pausa) É este número mesmo... é de um hotel... Oito horas! É muita coisa. Mas tente, por favor!


Ritinha sentia o corpo estranho dentro de seu lar. Paula, lixando as unhas displicentemente, deixava escapar pelo nariz afilado dois jatos de fumaça esbranquiçada.

PAULA - (irônica) Conseguiu a ligação?

RITINHA - (com azedume) Não. Há demora de oito horas e eu não agüento mais uma hora em sua companhia.

PAULA - (sugeriu displicente) Só há uma solução, minha cara...

RITINHA - A minha raiva é que nem a polícia me ajudou. Nem deram bola. Acho que pensaram que fosse trote.

PAULA - (riu gostosamente) Simplesmente... eu telefonei depois desmentindo sua queixa. Questão de cabeça, linda menina da roça... Questão de cabeça...

Hernani acabava de chegar e, sem permissão, penetrou no apartamento.

HERNANI - Paula, vim te buscar.

PAULA - Pra quê, irmãozinho?

HERNANI - Você não pode ficar aqui, Paula. Isto não está direito!

Hernani falava com sinceridade e procurava sensibilizar a irmã para a situação da rival.

HERNANI - Dona Rita de Cássia, eu não estou de acordo com isso...

Ritinha se descontrolou de vez com a chegada do homem que Eduardo detestava por motivos óbvios...

RITINHA - Agora é que eu não fico nem mais um minuto aqui. Os dois... é que eu não agüento. Você soube dar o golpe, Paula. Você venceu. (voltou-se para a cozinha) Isaura! Venha me ajudar a arrumar as malas! Vamos de qualquer jeito mesmo. Vai levando tudo isso para o elevador. (agrupou algumas malas e embrulhos junto á porta de saída e a criada os levou para o hall de espera) Vamos sair daqui, imediatamente.

Rita de Cássia tirou o fone do gancho e discou.

RITINHA - De onde fala? A Carmen está? Não? Vai demorar? (a expressão era de desespero ao ouvir o que lhe informavam do outro lado) Foi viajar? Pra onde? Petrópolis? Como? Um mês fora? Não, não quero deixar recado... Não, obrigada.

Hernani se aproximou, prestativo.

HERNANI - Posso lhe ser útil em alguma coisa?

RITINHA - (com raiva, olhos faiscantes) Não Você e sua irmã só atrapalham a minha vida!

PAULA - (maliciosa) Quer a chave? Pode levá-la no meu carro, Hernani . Ela precisa de sua ajuda, maninho. E muito...

RITINHA - Mas eu não quero ir no carro de ninguém. E não preciso de sua companhia! (a voz lhe embargava) Eu... me arrumo sozinha. Não sou tão tonta como vocês pensam!

Hernani estava penalizado com a situação da moça. Buscava um meio de ganhar-lhe a confiança e de lhe ser útil na trama enredada pela irmã.

HERNANI - Eu a levo para um lugar decente...

Ritinha não acreditava na atitude leal do rapaz.

RITINHA - Mas eu não quero! Não preciso.

HERNANI - Orgulho nesta hora não vai adiantar... Vamos, dê-me esta mala.

Segurou-a pelo braço, evitando o safanão que a jovem ameaçou dar. A criada tremia de medo, encostada á porta do elevador.

HERNANI - (puxando-a com força) Ora, vamos indo...

Rita chorava ao cruzar o grande portão de ferro espelhado do edifício.

CORTA PARA:

CENA 4 - APARTAMENTO DE DUA - SALA - INT. - TARDE.


O telefone tilintou duas, três vezes. Paula arrancou o fone do gancho, enfurecida.

PAULA - Alô! Ah, de Porto Alegre? Pode ligar.

Duda entrou na linha.

DUDA - Alô, Ritinha? Ela não está? Quem está falando? Paula? Que é que você está fazendo ai? O que?

PAULA - (explicava, histérica e mentirosa) Sua mulher acaba de sair daqui, agora mesmo. Ela quis desocupar o apartamento. Disse para esperar por você. Nada fiz para obrigá-la, meu bem.

DUDA - Por que... ela fez isso? Para onde foi? (aguardou resposta) Não sabe? Como é que pode? Quem levou? Hernani?

A revelação descontrolou-lhe os nervos. Duda gesticulava e cerrava os punhos, como se discutisse com alguém a poucos centímetros de suas mãos.

DUDA - Mas... eu disse a ela que não tinha de aceitar favores do Hernani. E você fez muito mal em fazer negócio com o apartamento que eu alugava. Vamos ajustar as nossas contas! Agora, quero saber o que foi feito da minha mulher. (gritava nervoso do outro lado do bocal) É isso mesmo! O que foi feito da minha mulher? Se ela sumir... você é quem vai me pagar, está me ouvindo? Você e aquele calhorda do seu irmão. Manda ele ligar pra mim. Manda ele ligar! Imediatamente!

Duda desligou, possesso.

CORTA PARA:


CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - TARDE.


Dalva manifestava seu desagrado com o casamento de Lara e confessava isso á sobrinha nos instantes que entecediam a cerimônia. Não perdoava a atitude submissa de Pedro Barros. Para ela, a união de Lara com João Coragem era uma desgraça...


DALVA - Você está se deixando dominar completamente pela “outra”. Não devia aceitar essa união.

MARIA DE LARA - Não posso mais fugir a isso.

DALVA - Porque gosta dele...

MARIA DE LARA - E que culpa tenho disso?

DALVA - Então, confessa duma vez. Você ama esse sujeito!

MARIA DE LARA - (confessou, cabisbaixa) Pelo menos não consigo deixar de pensar nele.

DALVA - (maldosa) Sabe o que é isso? É a outra sujeita. Vai acabar perdendo sua própria personalidade. E nunca mais quero olhar para você, porque sinto nojo de gente dessa espécie!

MARIA DE LARA - (implorou, com os olhos marejados) Titia, por favor, não me torture mais.

DALVA - Lembre-se. Eu não vou descer... Até o último momento, você pode desistir. Se não conseguir, é uma prova de sua fraqueza.

CORTA PARA:

CENA 6 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - TARDE.


Os poucos convidados conversavam baixinho, aguardando o início da cerimônia. Padre Bento pediu silencio.

PADRE BENTO - Dona Estela... acho que não é preciso apresentar João...

ESTELA - (sorrindo graciosa para o garimpeiro) Já nos conhecemos.

João fez as apresentações.

JOÃO - Meu pai, minha irmã de criação...

Olhou para trás e viu a jagunçada de Lourenço armada até os dentes. Juca Cipó se destacava, impaciente.

DELEGADO FALCÃO - (interpelou o noivo) Sabe? Casamento desta espécie é palhaçada.

JOÃO - Talvez o senhor teja querendo o meu lugar...

DELEGADO FALCÃO - Voce me roubou ele... não é natural que eu queira reaver?

JOÃO - Pra isso trouxe a jagunçada?

DELEGADO FALCÃO - Quem sabe?

João sorriu. Fez um discreto sinal para as bandas do terreiro.

JOÃO - Pois bem... acho então que tenho o direito de me defender...

Lentamente, os garimpeiros assomaram á porta da casa-grande, armados de facas e revólveres. Padre bento se espantou e fez o sinal da cruz.

PADRE BENTO - Meu Deus do céu, mas o que é isso?

JOÃO - (para todo mundo ouvir) São meus convidados, Padre Bento. (e dirigindo-se aos companheiros) Vocês não provoque, mas reaja, em caso de necessidade.


Braz antecipou-se, como sempre ansioso pela vingança.

BRAZ - Pode deixá, João! A gente sabe se portá como gente... Lá fora tem mais home, mas acho que não vai sê preciso fazê entrá...



FIM DO CAPÍTULO 40
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

JOÃO CORAGEM E MARIA DE LARA CASAM-SE.

DUDA CHEGA AO SEU APARTAMENTO, ENCONTRA PAULA E FICA POSSESSO AO SABER QUE RITINHA FOI EMBORA DEIXANDO UMA CARTA DE DESPEDIDA!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 41 DE

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